Dos vários pedais malucos realizados pela Equipe Jedbike, faltava um tipo de pedal no rol de insanidade, um pedal longo noturno. Influenciados pelo feriado de 7 de setembro, declaramos nossa independência, da cama, é claro. Juntamos oito ciclistas que dispunham da mesma perturbação e afins de aventura e fomos para o Rio do Julio. Diante da generalizada falta de apego por um cobertor e uma cama quentinha enfrentamos o frio da serra Dona Francisca, isso seria só uma pequena amostra do que nos aguardava na bela estrada que leva o nome desta postagem, aliás, diante da friaca que enfrentamos, tomo a liberdade de alterar o nome para Frio do Júlio. Fiquei pensado, o que leva uma pessoa a sugerir um pedal assim, logo tive a resposta, quem sugeriu foi o Cleber, o único solteiro da turma.
No mirante estranhamos a demora do Fernando, chegou dando a notícia de um pneu furado, mas não fez a troca, só parava pra encher, deixando pra fazer a troca no mirante, que era o local mais seguro. O Fabiano Vieira estava debutando sua primeira subida na Serra Dona Francisca e sua estréia no Rio do Júlio, excelente escolha para um desafio, agora ele tem que voltar no local durante o dia, pra fazer um pedal mais apreciativo. Como todo novato na serra, tiramos a foto que representa essa conquista.
Depois de um pitstop longe dos padrões da F1, seguimos morra acima, até a entrada da Estrada Rio do Júlio. Fizemos a foto no início da estrada e sem perda de tempo seguimos no breu do local, apenas iluminados pelos faróis das bikes.
Fizemos a primeira parada na igreja Luterana em cima da colina, o local é frequentado por ciclistas e turistas, a foto que representa a Estrada Rio do Júlio é a da igreja. O Fernando retirou da sua lancheira uma duzias de sanduíches, levou lanche pra três dias de pedal. Depois de encher a barriga fizemos umas fotos, o frio estava ainda mais forte, uma leve brisa gelada me fazia pensar na minha cama me trazendo uma leve pontinha de arrependimento, mas logo passou porque a aventura gritava pelos nossos nomes ecoando na serra.
Mais adiante fizemos uma parada na represa pra pegar água, na saída o Fernando constatou que o pneu traseiro estava furado novamente, agora por um espinho. Ele gritou, mas a galera não ouviu. subimos os três quilômetros finais até a divisa de municípios de Joinville e Schroeder, paramos pra reagrupar, e o Fernando não chegava, eu e o Cleber voltamos pra ver o que tinha acontecido. Descemos e encontramos ele perto da represa, confesso que cheguei até a iluminar umas grotas pelo caminho pra ver se ele não tinha passado reto numa curva. Depois que o encontramos subimos novamente os últimos morrinhos pra então começar uma brincadeira de 11 km de descida, passando frio. Já bem perto do rio que passa no meio da rua e forma uma cachoeira logo ao lado, senti que o pneu da frente estava furado, falei pro pessoal seguir na frente que tentaria chegar até o rio, fui bem devagar cuidando nas curvas. Durante toda a descida ouvimos um barulho de um animal, não conseguimos distinguir o que era, não sei se era uma presa ou estava nos caçando, durante a troca de pneu ouvimos bem próximo de nós, iluminamos o mato e não avistamos nada. Nesta serra moradores e caçadores já avistara a onça parda e Jaguatirica, sorte a nossa que ela não deu as caras. O único animal que fez uma aproximação foi um aranha, fizemos uma foto e deixamos seguir seu caminho.
Fizemos os últimos quilômetros de descida e chegamos na cidade, paramos no patio do posto Mime, estava fechado mas fizemos um lanche o último sanduíche do Fernando, ouvimos novamente o barulho que nos acompanhou no mato. Arrepios surgiram em alguns ciclistas, até que constatamos que o barulho era uma crise de flatulência em um dos colegas, rimos bastante e saímos correndo do local procurando ares mais puros. No local fizemos uma votação pra ver se o retorno seria pela Rodovia ou pela Serra Canivete, como já estouramos o horário e todos iriam apanhar das esposas, decidimos ir pela serra mesmo, apesar de ser mais demorado é bem mais interessante.
Fizemos uma tomada de fôlego na placa e adentramos novamente no breu, estava bem cansado mais subi sem tocar o pé no chão, queria acabar logo com isso. O silêncio demonstrava o quanto o grupelho estava cansado, todos tinham trabalhado durante o dia e passaram longas horas noturnas nessa aventura. Reagrupamos no marco zero, novamente divisa de municípios agora de Schroeder e Joinville, depois é só curtir a descida.
Os pneus furados geraram um atraso extra, a primeira casa era a minha, o Cleber deixou o carro lá em casa, os demais seguiram pra suas casas, esqueci de falar a previsão de horário de chegada pra minha esposa, ela estava acordada preocupada. O problema que no local em que passamos não tem área de celular. Nos despedimos da galera torcendo pra que ninguém apanhasse muito da esposa, e se por acaso isso ocorresse, que não deixasse traumas em nossos queridos guerreiros. Agradeço ao Cleber por nos inserir nessa aventura, à parceria do Fernando, Ivonei, Itamar, Maiko e a dobradinha de Fabiano. Fechei com 110 km de aventura, esse pedal se mostrou um grande desafio, pedalar a noite é bem mais exaustivo do que durante o dia.
Abraços e até a próxima aventura.
Abraços e até a próxima aventura.
Belo pedal, belíssimo relato... espero poder ir logo num pedal com essa galera top! Uhull
ResponderExcluir