quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Rio do Júlio Noturno

Dos vários pedais malucos realizados pela Equipe Jedbike, faltava um tipo de pedal no rol de insanidade, um pedal longo noturno. Influenciados pelo feriado de 7 de setembro, declaramos nossa independência, da cama, é claro. Juntamos oito ciclistas que dispunham da mesma perturbação e afins de aventura e fomos para o Rio do Julio. Diante da generalizada falta de apego por um cobertor e uma cama quentinha enfrentamos o frio da serra Dona Francisca, isso seria só uma pequena amostra do que nos aguardava na bela estrada que leva o nome desta postagem, aliás, diante da friaca que enfrentamos, tomo a liberdade de alterar o nome para Frio do Júlio. Fiquei pensado, o que leva uma pessoa a sugerir um pedal assim, logo tive a resposta, quem sugeriu foi o Cleber, o único solteiro da turma. 

 Da esquerda pra direita, eu, Fabiano, Maiko, Fabiano, Itamar, Ivonei, Fernando e Cleber.


No mirante estranhamos a demora do Fernando, chegou dando a notícia de um pneu furado, mas não fez a troca, só parava pra encher, deixando pra fazer a troca no mirante, que era o local mais seguro. O Fabiano Vieira estava debutando sua primeira subida na Serra Dona Francisca e sua estréia no Rio do Júlio, excelente escolha para um desafio, agora ele tem que voltar no local durante o dia, pra fazer um pedal mais apreciativo. Como todo novato na serra, tiramos a foto que representa essa conquista. 



Depois de um pitstop longe dos padrões da F1, seguimos morra acima, até a entrada da Estrada Rio do Júlio. Fizemos a foto no início da estrada e sem perda de tempo seguimos no breu do local, apenas iluminados pelos faróis das bikes.



Fizemos a primeira parada na igreja Luterana em cima da colina, o local é frequentado por ciclistas e turistas, a foto que representa a Estrada Rio do Júlio é a da igreja. O Fernando retirou da sua lancheira uma duzias de sanduíches, levou lanche pra três dias de pedal. Depois de encher a barriga fizemos umas fotos, o frio estava ainda mais forte, uma leve brisa gelada me fazia pensar na  minha cama me trazendo uma leve pontinha de arrependimento, mas logo passou porque a aventura gritava pelos nossos nomes ecoando na serra. 






Mais adiante fizemos uma parada na represa pra pegar água, na saída o Fernando constatou que o pneu traseiro estava furado novamente, agora por um espinho. Ele gritou, mas a galera não ouviu. subimos os três quilômetros finais até a divisa de municípios de Joinville e Schroeder, paramos pra reagrupar, e o Fernando não chegava, eu e o Cleber voltamos pra ver o que tinha acontecido. Descemos e encontramos ele perto da represa, confesso que cheguei até a iluminar umas grotas pelo caminho pra ver se ele não tinha passado reto numa curva. Depois que o encontramos subimos novamente os últimos morrinhos pra então começar uma brincadeira de 11 km de descida, passando frio. Já bem perto do rio que passa no meio da rua e forma uma cachoeira logo ao lado, senti que o pneu da frente estava furado, falei pro pessoal seguir na frente que tentaria chegar até o rio, fui bem devagar cuidando nas curvas. Durante toda a descida ouvimos um barulho de um animal, não conseguimos distinguir o que era, não sei se era uma presa ou estava nos caçando, durante a troca de pneu ouvimos bem próximo de nós, iluminamos o mato e não avistamos nada. Nesta serra moradores e caçadores já avistara  a onça parda e Jaguatirica, sorte a nossa que ela não deu as caras. O único animal que fez uma aproximação foi um aranha, fizemos uma foto e deixamos seguir seu caminho.




Fizemos os últimos quilômetros de descida e chegamos na cidade, paramos no patio do posto Mime, estava fechado mas fizemos um lanche o último sanduíche do Fernando, ouvimos novamente o barulho que nos acompanhou no mato. Arrepios surgiram em alguns ciclistas, até que constatamos que o barulho era uma crise de flatulência em um dos colegas, rimos bastante e saímos correndo do local procurando ares mais puros. No local fizemos uma votação pra ver se o retorno seria pela Rodovia ou pela Serra Canivete, como já estouramos o horário e todos iriam apanhar das esposas, decidimos ir pela serra mesmo, apesar de ser mais demorado é bem mais interessante. 




Fizemos uma tomada de fôlego na placa e adentramos novamente no breu, estava bem cansado mais subi sem tocar o pé no chão, queria acabar logo com isso. O silêncio demonstrava o quanto o grupelho estava cansado, todos tinham trabalhado durante o dia e passaram longas horas noturnas nessa aventura. Reagrupamos no marco zero, novamente divisa de municípios agora de Schroeder e Joinville, depois é só curtir a descida. 


Os pneus furados geraram um atraso extra, a primeira casa era a minha, o Cleber deixou o carro lá em casa, os demais seguiram pra suas casas, esqueci de falar a previsão de horário de chegada pra minha esposa, ela estava acordada preocupada. O problema que no local em que passamos não tem área de celular. Nos despedimos da galera torcendo pra que ninguém apanhasse muito da esposa, e se por acaso isso ocorresse, que não deixasse traumas em nossos queridos guerreiros.  Agradeço ao Cleber por nos inserir nessa aventura, à parceria do Fernando, Ivonei, Itamar, Maiko e a dobradinha de Fabiano. Fechei com 110 km de aventura, esse pedal se mostrou um grande desafio, pedalar a noite é bem mais exaustivo do que durante o dia.

Abraços e até a próxima aventura.


Um comentário:

  1. Belo pedal, belíssimo relato... espero poder ir logo num pedal com essa galera top! Uhull

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