terça-feira, 17 de maio de 2011

São Francisco do Sul via Ferry Boat

Este foi um pedal legal. Isso ocorreu no dia 31/07/10. Este pedal marcou pois foi o último antes de eu sentir os primeiros sintomas da Hernia de Disco na Coluna Cervical. Após este período o mais próximo que chego do cicloturismo é pela internet. Mas tenho fé que logo estarei de volta. Após esta breve desculpa ao sonho de pedalar, vamos ao que interessa que é o relato do pedal. Sai do bairro Aventureiro com rumo à Praia Vigorelli (quem disse que Joinville não tem praia?), situada na Baía da Babitonga servindo de limite de Joinville e São Francisco do Sul. Este é um lugar de raras belezas. A trevessia dura cerca de 10 minutos, porém, é um período de bela apreciação da natureza. Pode ter um visual incrível da serra do mar, o Morro do Canta Galo entre outros.


Já havia feito este percurso várias vezes de carro, porém o contato com a natureza não é tão intenso quanto fazer de bike. Este tipo de transporte silencioso faz com que os animais e pássaros permaneçam em seus postos ao lado da rua, simplesmente para nos assistir, uns mais curiosos, outros mais receosos escondem-se atras dos galhos. O que vale é a sensação de estar em plena harmonia, homem versus natureza.
Ao chegar no ferry boat encontrei um grupo de ciclistas, o Pedala Guri, após as formalidades de apresentações me convidaram para intregrar ao grupo e seguir viagem, no entanto, já tinha outro destino traçado, iria atravessar outro ferry boat rumo à São Francisco do Sul. Podemos pedalar juntos por uns 6 km para então nos separarmos, o grupo seguiria em frente até Itapoá, eu parei no Ferry Boat de Gibraltar. Abaixo foto do momento em que me dispersei do grupo e dos novos amigos de pedaladas

O grupo seguiu em frente pela estrada geral Vila da Glória. Neste local atraca o Ferry Boat que faz a ligação entre Gibraltar à Laranjeiras ambos pertencentes à cidade de São Francisco do Sul. O problema é que o horário da balsa é de hora em hora. E fazia pouco tempo que ela desatracou, isto me deu uns 45 minutos para descançar, conhecer o local... encontrei uma daquelas vendinhas de sítio só com uma portinha na frente, comprei um Chocoleite e uma penca de bananas, após o lanchinho já pude avistar a balsa que se aproximava em baixíssima velocidade devido a baixa da maré.
A espera valeu a pena pois a travessia é linda, a balsa percorre 40 minutos na baía da Babitonga, com um trajeto sinuoso entre as ilhas da região (existe um arquipélago de 14 ilhas na baía), em determinado trecho é possível apreciar os Golfinhos que submergem para cumprimentar e  saldar os turistas. Passamos por vários barquinhos pesqueiros, com seus nativos acenando para os curiosos passageiros da balsa.
O píer de Laranjeiras já estava bem perto e eu ainda perdidos nos devaneios da travessia, que lugar, que vista, tudo parece perfeito e lindo. Ao atracar, descobri um lugar pacato com casas de pescadores, um lugar acolhedor e uma estradinha de terra que subia um pequeno morro, depois descia seguindo por mato dos dois lados da rua. Era possível sentir o cheiro das flores, a natureza praticamente intocada pelas rudes mãos humanas. Alguns kilometros com esta paisagem digna de um paraíso, logo chega a civilização, um vilarejo de pessoas simpáticas que acenavam ou cumprimentavam com um belo sorriso, dizendo seja bem vindo.


Píer da Laranjeiras visto do Ferry Boat
Laranjeiras, dispensa qualquer comentário

Ao percorrer a estradinha de chão encontrei poucos automovéis, o clima de sítio era ainda mais evidente quando passava por um carroceiro ou alguém montado em seu cavalo. Isto me desligou dos inconvenientes dos trânsitos  vividos na minha cidade. Agora era só eu e minha magrela, percorrendo um caminho novo, com um único destino, onde o vento levar. Assim fiz. Em uma bifurcação pedi informação para umas crianças, única prova de alma vivente depois de mim, que me disse que os dois lados sairiam na rodovia porém o da direita era mais longe. Segui o conselho das crianças e peguei a esquerda, após uns bons giros da roda chequei à rodovia BR 280. Mais uma dúvida cruel, seguir até o centro histórico de São Francisco do Sul, com sua arquitetura e suas ruelas tão estreitas que passam um carro por vez, cidade digna de ser a 3ª mais velha do Brasil. Ou seguir a opção oposta que me levaria a Araquari, cidade divisa com Joinville. Foi o que fiz, mas não segui direto para casa não. Já era próximo do meio dia e a fome estava pegando, então desci até Araquari e próximo do trevo que dá acesso à Jaraguá do Sul, por uma estrada velha subi até a região da corveta na BR 101 onde mora um irmão da minha esposa, o Adriano. Da estrada liguei para a Eliete (esposa do Adriano), que chegaria para almoçar, porém me atrasei devido às péssimas condições da estrada, quase voltei, mas não dei o braço a torcer. Ao chegar na casa da cunhada um belo macarrão com almondegas me esperava. Entre pedal e travessia de ferry boat já estava quatro horas na estrada, o cansaço era evidente. Após umas boas garfadas de macarrão encontrei um belo sofá, que me joguei e me esqueci do mundo, só fui despertado pelo Bruno (sobrinho) me chamando para o café da tarde. Isso já era ¨16:30 horas, abasteci a pança com um café feito em coador de pano no fogão à lenha, e pão de forma com margarina e doce caseiro. Cheio de energia para enfrentar os 35 kilometros que me separavam de minha casa, onde o meu trofeu seria uma bela ducha e depois o carinho de minha esposa Andreza e de minha filha Gabriela de 5 meses.
O percursso de volta foi tranquilo, embora não sou muito fã de pedalar pela BR 101. Pedalei 15 km e deixei a rodovia através do eixo Sul, partindo para o bairro Petrópolis, Itaum, Guanabara, Boa Vista, Iririru e enfim o tão sonhado bairro Aventureiro. Pelo cansaço os últimos 35 km foram os mais longos do pedal. Porém tudo ocorreu dentro da normalidade, sem problemas com a bike, ou pneus. Foi uma cicloviagem perfeita.
Valeu a pena cada kilometro rodado, cada pedal girado, mesmo com as pernas doloridas. Mas isso se resolve com um belo banho, e já nos sentimos renovados. Até a próxima.

Abraços
Jedson Eleuterio