HISTÓRIA DA BIKE

Para aqueles que curiosamente como eu, queiram saber a origem da magrela. Aí vai uma pesquisa de estudantes, e também do Museu da Bicicleta de Joinville.

1490
Em 1966, monges italianos, no restauro de manuscritos de Leonardo da Vinci, descobriram também desenhos datados de 1490, em que se podia distinguir uma máquina muito semelhante às modernas bicicletas, dotada inclusivamente de pedais e tracção por corrente.
 
 Em 1850, na janela de uma igreja de Buckinghamshire, Inglaterra, há o desenho de uma pessoa sentada num instrumento de rodas e que usava os pés para impulsioná-lo. Não se sabe porém, se trata de mera imaginação do artista ou da reprodução de um veículo de fato existente na época.
Muitas tentativas engenhosas foram testadas nos séculos XV e XVI, tendo sido desenvolvidos pesados e complicados veículos de duas e quatro rodas, accionados por mecanismos compostos de correntes, alavancas e outos dispositivos.
Num museu alemão existe um modelo chamado bicicleta de Kassler que data de 1761, no entanto a sua verdadeira origem é ainda conhecida, dado que os franceses afirmam que este modelo foi exportado de França.
 
Em 1790, o conde francês Sivrac inventou uma máquina a que deu o nome de Celerífero (“Célerefère”) e que alguns historiadores consideram o antepassado mais antigo da bicicleta moderna. Muito simples, consistia num corpo de madeira. Não tinha movimento de direcção, já que a roda dianteira era fixa, nem pedais, o que obrigava o utilizador a empurrá-la com os pés, ou seja, “caminhava” sentado sobre ela.
O próximo passo no processo de evolução da bicicleta ocorreu em 1816, pela mão do barão alemão Karl Friederich Cheistian Ludwing Von  Drais que adaptou uma direcção ao Celerífero. Junto com o primeiro guiador, apareceu a “Draisiana”, bicicleta que Von Drais usou para percorrer o trajecto ente Beaun e Dijon, na França, à velocidade média de 15km/h, primeiro “recorde ciclístico”. Drais (1785-1851), inspector florestal e inventor nas horas vagas, foi o primeiro a construir um biciclo dirigível, que ficou conhecido como draisiana.
A 5 de Abril, o barão Drais apresenta o seu invento no Parque de Luxemburgo, em Paris, e meses mais tarde fez o treajecto Beaum-Dijon na velocidade média de 15km/h, primeiro “recorde ciclístico”.
Em 1820 foi dado o grande passo da história ciclística: o escocês Kikpatrick McMillan (1810-1878) adapta ao eixo traseiro duas bielas, ligadas por barras de ferro. Estas duas barras tinham a função de um pistão, eram accionadas pelos pés, o que provoca o avanço da roda traseira.
Em 1839, o mesmo escocês Kirkpatrick Mac Millan, um humilde ferreiro do interior, fez o que Drais tinha testado sem sucesso: criou pedais que, ligados por barras de ferro ao eixo da roda traseira, movimentavam o velocípede. Foram quatro anos de árduas experiências. Mac Millan percorria com ele o caminho de 22km entre seu povoado, Courthill, e a capital do condado, Dumfries. Sem vocação para negócios, Mac Millan não sabia ao certo o que fazer com o veículo, que logo foi esquecido.
O escocês Kirkpatrick Mac  Millan adapta duas bielas ao eixo da roda traseira, que serviam como pedais. No entanto, havia desconforto na pedalada e dificuldade de equilíbrio.
O primeiro pedal, no entanto, surgiu em 1855, inventado pelo francês Ernest Michaux, que o instalou num veículo de duas rodas traseiras e uma dianteira; os pedais eram ligados à roda dianteira e o invento ficou conhecido como “Velocípede”.
 
Em 1861, o francês Pierre Michaux (1813-1883) construiu outra bicicleta com pedais, mas agora adaptados à roda da frente.
Pierre e seu filho Ernest fundaram, com sucesso a primeira fábrica de bicicletas do mundo. A sua máquina, apesar da estrutura de ferro e madeira lhe ter valido a alcunha de “Chucalha-ossos”, rapidamente conquistou grandes entusiastas. Num ano, Pierre e Ernest Michaux produziram 142 máquinas.
Nesta altura já se fabricavam cerca de 400 por ano. Ernest Michaux inventou o primeiro pedal com a ajuda do seu filho, Pierre Michaux, de apenas 14 anos de idade. Esse pedal foi aplicado primeiro num velocípede de duas rodas traseiras e uma dianteira, cujo inconveniente era o seu excessivo peso de 45 kg.
Só seis anos mais tarde os mesmos pedais foram aplicados a um velocípede com apenas duas rodas.
Nasce a primeira fábrica de bicicletas do mundo, a Companhia Michaux, com 200 operários, que fabricavam cerca de 140 bicicletas por ano. Cada uma era vendida, na época por um preço exorbitante de 450 francos.
Toda a Europa multiplica esforços para aperfeiçoar a bicicleta e os aperfeiçoamentos começam a ser usados com todo o equipamento de campismo e a ser levados para excursões longas nas estradas da Europa, surgindo o cicloturismo.
O crescente número de entusiastas, destes veículos “obrigou” as autoridades de Paris, a criar, por volta de 1862, caminhos especiais para os velocípedes nos parques. O objectivo era evitar que se misturassem com charretes e carroças.
Surgiram, assim, as primeiras ciclovias, no mesmo ano em que é divulgada a primeira estatística: Ernest Michaux consegue fabricar 142 unidades em 12 meses.
1ª Prova masculina com bíciclos, vencida pelo inglês James Moore, Parque Saint Cloud Paris.
1ª Prova Feminina, ocorrida no parque Bordelais, em Paris no dia 1 de Novembro
Roseau apresenta um dispositivo que por meio de duas correntes multiplicava o giro da roda dianteira. Além deste muitas alterações foram feitas, nomeadamente pela colocação de travãoes e de tiras de borracha coladas aos aros das rodas, inventando por Robert Thompson.
 
Nesta altuta Starley e o seu sobrinho, inventaram a bicicleta que assumiu as características que hoje conhecemos. Foram introduzidos os pedais no centro a tracção passou para a roda dianteira, através de uma corrente de transmissão.
James Boyd Dunlop, inventa o pneu que vem trazer aos novos veículos um maior conforto e resistência. Este mecanismo consistia na colocação de um rolo de pano engomado cheio de ar. No entanto esta invenção tinha o inconveniente da manutenção.
 
Os franceses Edouard e André Michelin lançam o pneu desmontável, que vem resolver o problema das rodas de ferro e madeira. Em resposta aos avanços de Dunlop, os irmãos Michelin inventaram um pneu de mais fácil manutenção, que enchia através de uma válvula e ainda permitia a sua remoção e substituição em caso de dano.
No dia 9 de Outubro toda a cidade de Milão aplaude a chegada de Raffaelle Gatti, que retorna do “Tour do Círculo Polar Ártico”.
Depois deste acontecimento sucessivas modificações técnicas foram introduzidas na bicicleta, tais como as mudanças e a roda livre.
A roda livre foi criada para oferecer maior conforto ao ciclista. Este dispositivo permitia interromper a pedalada especialmente em descidas, em trajectos com vento a favor e em alguns momentos de calma na corrida.
As mudanças permitem o aproveitamento de várias engrenagens e com isso imprimir maiores velocidades. É a última invenção que aperfeiçoou tecnicamente a bicicleta.
Desta forma, até aos nossos dias, a bicicleta tem vindo a ser aperfeiçoada, em relação aos materiais utilizados, aos vários tipos relacionados com as modalidades, etc.
Foi Inglaterra, o primeiro país que promoveu uma regulação ciclística, criando o “Bicicle Union”. Na Itália, a legislação sobre o ciclismo surgiu 5 anos mais tarde, com a criação da União Velocipédica Italiana.
Em 1892 na Europa foi constituída a Internacional Cyclist Association que teve sua sede em Londres, agrupando as Federações Nacionais dos Estados Unidos, Bélgica, França, Canadá, Alemanha, Holanda, Inglaterra e Itália. Um dos primeiros atos da ICA foi a criação dos primeiros campeonatos do Mundo, substituindo as provas até então promovidas por entidades particulares.
Porém, somente em 1886, graças a alguns ingleses, foram organizados os primeiros campeonatos mundiais, com boa consistência e organização mais séria, na cidade de Leicester. Em 1893 devido a uma polémica com os órgãos italianos, nasce a atual UCI, União Ciclística Internacional.
Nos nossos dias, os novos aperfeiçoamentos nas bicicletas ocorrem no sentido de melhorar cada tipo de bicicleta, tornando-as cada vez mais eficazes para os desportos de competição ou mais confortáveis para o lazer. Hoje existem bicicletas específicas para cada desporto ciclístico, e dentro de cada desporto, especificas para as necessidades de cada utilizador, tamanha foi a evolução ao longo dos anos.
Assim temos os seguintes tipos de bicicletas:
Com estruturas muito leves, com quadros e acessórios muito aerodinâmicos de diversos tipos de materiais, rodas grandes e pneus finos. Em competição podem trocar-se determinados acessórios, como o tipo de roda, para favorecer uma boa aerodinâmica.
 
As bicicletas de montanha são muito diferentes das restantes bicicletas: são bicicletas especificamente concebidas para uma utilização fora-de-estrada, adaptadas à rodagem em todo o tipo de pisos, dispondo, para isso, de características técnicas específicas. Normalmente, uma boa bicicleta B.T.T. é constituída por um duplo triângulo fabricado em materiais diversos, como o cromolibdénio – uma liga de aço-, o alumínio, o titânio ou o carbono. Há igualmente freios de vários tipos: cantilver, V-brake, hidráulicos ou de disco. As B.T.T. podem ter uma suspensão dianteira e traseira, pneus Kevlar, 21 ou 24 marchas e pedais de encaixe automático, os SPD. Os pneus são largos, rodas de 26 polegadas com garras grossas para agarrar melhor no terreno irregular, sistema de transmissão que permite uma melhor performance em subidas ou descidas. Esta é uma bicicleta mais pesada devido a uma maior necessidade de resistência do material: tal como o nome indica, esta bicicleta está preparada para superar qualquer tipo de terreno.
 
A prática desta modalidade teve o seu início há cerca de 20 anos, nas regiões montanhosas do Estado da Califórnia (Estados Unidos). No entanto a sua origem remonta ao ano de 1933, quando Ignaz Schwinn construiu uma bicicleta a que deu o nome de Scwinn Excelsior. Durante a década de 70, quando proliferavam a bicicletas BMX (bicicletas de Cross utilizadas pelos adolescentes) e se organizavam provas de descida, foram redescobertas as Schwinn Excelsior.
Estas bicicletas demonstram possuir a características ideais para a realização de percursos em terrenos acidentados e, rapidamente, evoluíram, mantendo as suas características de base: pneus grossos, sistema de mudanças mais complexo e quadros robustos (estrutura metálica da bicicleta).
Gary Fisher modificou a Schiwinn desenvolvendo um sistema de mudanças que permitisse utilizar a bicicleta em subidas íngremes e não só nas descidas abruptas e acidentadas.
Joe Breeze descobriu que o segredo do quadro das antigas Schinn não era a espessura dos tubos que formavam, mas sim a sua geometria.
Estes praticamente e impulsionadores juntamente com outros, como Charlie Cunnigham, Tom Richey, Mike Sinyard e Tim Neenan, que criaram um dos modelos mais famosos ( Stumpjumper), dinamizaram a prática desta modalidade criando as primeiras competições nos estados Unidos.
Graças a uma rápida expansão, hoje em dia são realizadas competições por todo o mundo tendo como base os regulamentos vigentes na U.C.I (União Ciclista Universal).
Em Portugal, como em todo mundo, pode-se praticar a B.T.T. (como vulgarmente conhecida) de duas formas com características próprias e com os seus especialistas: Cross Country, Downhill e Raide Maratona.
Como muitas outras actividades de ar livre, exige que o praticante se rodeie de uma série de apetrechos (capacete, cantil e calções almofadados) para tornar a prática mais gratificante, segura e eficaz.
Crosss contry
Crross contry é uma prova de bicicleta (B.T.T.) realizada em circuito fechado que consiste em efectuar um número certo de voltas (de acordo com a classe dos atletas), que podem perfazer uma distância de 6 a 10Km. As classes existentes são as seguintes: Séniores, Juniores, Cadetes, Veteranos, Senhoras e Elite. Existe também a classe de Promoção que não conta para o Campeonato mas que possibilita que praticantes que nunca entraram em competições o façam. Normalmente nesta classe só é dada uma volta ao circuito, mas podem ser dadas mais.
Downhill
Downhill é uma prova de descida, em bicicleta B.T.T., em que entra em jogo a capacidade de domínio da bicicleta em descidas abruptas, percorridas a grande velocidade. Estas provas são disputadas individualmente em duas mangas (cada concorrente desce duas vezes), das quais é apurado o melhor tempo.
Raide Maratona
Raide Maratona é uma prova em circuito aberto, em que é percorrido um trajecto de ida e volta entre dois locais. É realizada em dois dias e exige uma boa resistência por parte dos competidores pois é uma prova de longa duração.
Sendo esta uma bicicleta mais pequena, com rodas de 20 e 24 polegadas no caso das cruiser. As suas dimensões reduzidas e a escassez de acessórios, tornam esta bicicleta mais leve e, também devido ao pequeno raio de roda, muito ágil. Estas bicicletas não têm mudanças.
 
Finalmente existem as bicicletas de passeio ou lazer que adoptam vários tipos de quadros e tamanhos, quer do próprio quadro, quer do raio da roda. Normalmente as bicicletas de passeio também não vêm providas de sistema de mudanças, embora possa ocorrer. Existem bicicletas de passeio duplas, que permitem a sua utilização por dois ciclistas.
Com este trabalho concluí que a história da bicicleta começou há muitos anos atrás quando Leonardo da Vinci representou num desenho, datado de 1490, uma máquina muito semelhante às modernas bicicletas, dotada inclusivamente de pedais e tracção por corrente.
Em 1790, um francês chamado Sivrac, construiu um veículo que denominou “Celífero” o que alguns historiadores consideram o antepassado mais antigo da bicicleta moderna.
Em 1816, o barão alemão Karl Friederich Cheistian Ludwing Von  Drais adaptou uma direcção ao “Celerífero” e apareceu a “Draisiana”
Em 1820 o escocês Kikpatrick McMillan (1810-1878) adapta ao eixo traseiro duas bielas, ligadas por barras de ferro. Este foi um grande passo na história da bicicleta.
Em 1861, o francês Pierre Michaux (1813-1883) construiu outra bicicleta com pedais, mas agora adaptados à roda da frente. A partir de então, a bicicleta passou a ser cada vez mais aperfeiçoada e o ciclismo conta hoje com muitos adeptos.

Bicicletas no BrasilEm termos de Brasil, não existem pesquisas seguras quanto à data de chegada ao país dos primeiros modelos de bicicletas.
Por dedução, é presumível que fora na Capital do Império (RJ), entre 1850 e 1870. É lá que se encontravam as pessoas mais abastadas e com possibilidades de viajarem à Europa, onde floresciam às primeiras fábricas de biciclos. Por questões de ordem econômica e relacionadas à imigração, seguem-se os estados de São Paulo e Santa Catarina. Apontam para esse caminho, importantes acontecimentos como a inauguração em 1896, na cidade de São Paulo, do primeiro velódromo da América do Sul. Em contrapartida, Santa Catarina passou a receber milhares de imigrantes de origem alemã, italiana e suíça, a partir de 1850, com reais possibilidades de terem colocado em suas bagagens, algum modelo de bicicleta para serem utilizadas em sua nova pátria.


Bicicleta Multiuso

Ao longo de seus 213 anos de existência, a bicicleta esteve presente em todos os momentos significativos da história da humanidade; seja na paz ou na guerra, nas atividades de transporte e de lazer, na medicina e ciência, além de conduzir diariamente bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo aos mais variados destinos.
Em nosso Estado as bicicletas também são “veículos militares”, atuando na Polícia Militar de Santa Catarina, através do BIKE PATRULHA, cujo projeto piloto foi implantado na cidade Joinville no dia 09 de março de 2002, com excelentes resultados na inibição e no combate ao crime.


Os Pequenos Produtores e a Industria Nacional.

As dificuldades para a implantação de um parque industrial voltado à produção de bicicletas, foram grandes no início do século XX. A situação foi agravada por vários problemas de ordem interna, todos de caráter político e com seus inevitáveis desdobramentos negativos no plano industrial e social:

Crise de 1929.
Revolução de 1930(ascenção de Getúlio Vargas)
Revolução Constitucionalista de 1932
Revolução Comunista de 1935
Estado Novo (1937)
II Guerra Mundial (1939)

Somente no final da década de 40, é que a industria voltada para a produção de bicicletas, lançaria suas bases para deslanchar na década seguinte.

Durante esse período de incertezas pequenos empresários semelhantes à Família Scattone, Miguel Chiara, Casa Luiz Caloi, Dimas & Felix Pneus e Artefatos Condor, importavam bicicletas, componentes e acessórios. Mediante algumas adaptações de ferramental, esses mesmos empresários começaram a produzir vários modelos de quadros e paralamas para montagens próprias, produzindo excelentes bicicletas.

Em 1º e 10 de abril de 1948, Monark e Caloi, iniciaram suas atividades industriais e comerciais, segundo registros levantados na Junta Comercial de São Paulo. Antes desse período elas atuavam no país, como importadoras e distribuidoras de algumas marcas européias de boa qualidade.

A década de 50 foi promissora para a fabricação e comercialização de bicicletas no Brasil. Alem da Monark e Caloi, fabricantes de menor parte como a Role, Patavium, Pimont, Gorick, Hélbia, Gallo, Coringa, Regina, Erpe, Mercswiss, Tamoio, Celta, Victory, Adaga, NB, Bérgamo, Everest, Apolo, Bekstar, Bluebird, Scatt, Rondina, Wolf, Royal, Marathon, Luxor, Centrum, Rivera, e tantas outras marcas, produziram material de alta qualidade e competência.

Essa situação promissora, no entanto, tomou rumos intransponíveis após o Golpe de 64. As “pequenas notáveis” desapareceram do mercado, por causa de suas dívidas, falta de financiamento e da impossibilidade de qualquer negociação. Em contrapartida, uma política monopolista e de divisão de mercado adotada pela Caloi e Monark, muito contribuiu para “quebrar” as pequenas fábricas.
Com a abertura de mercado dos anos 90, as duas empresas tiveram sérios problemas para enfrentar uma concorrência de fabricantes habituados a disputarem mercado.
Hoje, Caloi e Monark não lideram mais o seguimento de bicicletas.
Os anos 90, marcaram à chegada do Mountainbike e do Triatlon ao país, ambos, com forte apelo ecológico e prazer de pedalar, conquistando milhares de adeptos para as novas modalidades de ciclismo.


A História da Bicicleta no Brasil

A história da bicicleta no Brasil é sempre um tema de certa polêmica, apesar de pouquíssimos estudiosos ou pessoas simpáticas ao tema, terem se debruçado sobre ele. Vários são os fatores que conduzem ou favoreçam a essa situação, com destaque, sem dúvida, à ausência de uma bibliografia específica, até por que, foram poucos a escreverem sobre o tema ao longo do séc. XX. Anterior a esse período, a coisa fica reduzida a notícias de jornais, e alguns informativos de clubes.
No entanto, é consenso entre os pesquisadores que as primeiras bicicletas e biciclos que chegaram ao Brasil no último quartel do séc. XIX, ocorreu no eixo Rio/São Paulo. Ademais, soma-se aos fatores citados a grande ascendência cultural em nosso país, que tem o futebol sobre as demais modalidades desportivas.
Se, por um lado, as bicicletas eram um atrativo e um deleite para as classes mais abastadas - essa fase ocorreu praticamente em toda à Europa e também no Brasil -, quando aconteceu a sua massificação no pais, logo após a II Guerra Mundial e durante a década de 50, elas adquiriram o “status” de “veículo da classe trabalhadora”; ou seja: já discriminadas pela sociedade consumista do pós-guerra.
Outro dado de suma importância e pouco lembrado para os que desejam entender a razão de estarmos na contra mão dos paises civilizados quanto à utilização racional da bicicleta, também remonta aos anos 50, mais especificamente, sob a presidência de Jucelino Kubitschek, quando este, mudou a “matriz” do transporte em nosso país, fazendo a opção pelos veículos motorizados, inclusive, trazendo para cá, as primeiras montadoras de veículos leves, ônibus e caminhões.
O desdobramento dessa política suicida que hoje pagamos o preço foi a imediata abertura de estradas por todo país e o sucateamento de nossas ferrovias, bem como, o banimento dos bondes que eram uma realidade nas grandes cidades brasileiras.
Quanto à inclusão da bicicleta nesse processo, nada! Portanto, a idéia já nasceu morta, se é que chegou a nascer.
A conjuntura econômica de época não era ruim, e isso permitiu uma profusão de pequenas fábricas de bicicletas produzindo um excelente material em São Paulo (capital e interior), e objeto de nossa pesquisa. Citamos algumas das marcas encontradas: Role; Beckstar; Bluebird; Patavium; Cacique; NB; Scatt; Hélbia; Adaga, Vulcão; Caloi; Rivera; Bérgamo, Monark; Zeus; Luxor e Apolo.
Essas marcas ainda tinham o desafio de concorrer com as importadas provenientes da Inglaterra, Itália, França, Suécia e Alemanha. As bicicletas eram importadas pelos magazines: Mesbla; Cássio Muniz; Lojas Pirani; Mappin e Eletrorádiobras.
Havia espaço para o mercado crescer mais, afinal, o carro ainda era um sonho longínquo para a grande maioria, e a situação era confortável para os fabricantes até o advento da Revolução de 64, e as reformas monetárias que se seguiram. Os fabricantes que tinham dívidas atreladas ao dólar devido a importação, principalmente de máquinas, ruíram, pois o acesso aos empréstimos governamentais foram suspensos.
Nesse contexto de dificuldades para a maioria, Caloi e Monark começaram a deslanchar em busca do domínio do mercado de bicicletas. As duas “grandes fábricas” vão pulverizando aos poucos as “pequenas notáveis” que sobreviveram, mediante aquisição e fechamento das marcas.
O monopólio de mercado se deu até o final da década de 80, com o advento mundial do Mountainbike e a abertura do mercado nacional já no início dos anos 90, inicialmente para as bicicletas produzidas em Taiwan e na China.
A partir desse momento o mercado sofreu uma brutal transformação quer pela entrada de produtos com altíssima qualidade, bem como, o perfil do consumidor que passou a ser bem mais exigente. Em decorrência dessa nova situação Caloi e Monark quase naufragaram, sendo que a primeira deixou de ser uma empresa familiar, e sob uma administração competente, voltou a ocupar uma boa fatia no mercado nacional de bicicletas. A Monark restou buscar as origens, e sobrevive comercializando alguns modelos básicos e consagrados no mercado.
(*) Pesquisa e texto: Valter F. Bustos, Diretor do Museu da Bicicleta de Joinville/SC.
Diciopédia 2005 (Porto Editora)