domingo, 31 de maio de 2015

Rio Natal

Como manda o figurino da insanidade ciclística, acordei com o relógio despertando às 03:00 da matina. Em um instinto selvagem joguei-o na parede SQN. Após uma dose de cafeína e umas fatias de pão pra acompanhar parti em busca dos meus amigos malucos. Encontrei o Valdecir e o Jonas no Iririú. Depois no Bom Retiro pegamos o Douglas e por último o Rodrigo em frente ao Shopping, isso lá penas 04:30 da madrugada gelada de sábado. O Jonas e o Rodrigo ainda não conhecia, Com uma galera maluca o destino não poderia ser melhor, Rio Natal em Campo Alegre. 





Foto de Valdecir

Enquanto subíamos a serra, a temperatura baixava. Nem o sobe e desce depois do mirante da serra foi suficiente pra aquecer nossos míseros esqueletos. Assim chegamos ao ponto de café, bem na entrada da estrada que dá acesso ao Rio Natal, através do Rio Vermelho. Dois cafés expressos e não fez a mínima alteração na temperatura corporal. Na estrada o Jonas e o Rodrigo abriram uma diferença considerável, os dois imprimiam um ritmo bem mais forte e então o grupo se transformou em dois. O Valdecir, o Douglas e eu decidimos seguir em um pedal de cicloturismo e não perder nada do local. 

Foto de Valdecir

A paisagem do local é muito bonita, compensa o esforço de subir a serra. Estradão de chão com um sobe e desce e a companhia constante do frio. A ausência de qualquer alma vivente nas ruas além de nós e a fumaça das chaminés das casas evidenciavam ainda mais a baixa temperatura da região. Mas o trio estava adorando tudo isso. 

 Foto de Valdecir




As informações que obtivemos do local era o que o GPS nos deu. Isso aumenta ainda mais a aventura, em algum momento pedimos informação a moradores local, só pra confirmar as informações do equipamento. E as informações geralmente se harmoniavam. Chegou  o momento que todos esperavam a descida, descemos tudo o que subimos, chegou a doer os dedos de tanto frear nas curvas. Nisso os ventos trazem os sons de buzina de trem. Corremos pra fazer um selfie com com a composição vindo mas não saiu conforme o planejado, a sincronia do timer da câmera não fechava com a velocidade do trem. Quando enquadrei a cena o trem ficou longe, depois já estava muito perto e fiz a foto da dupla e outra minha.




Neste local ainda estávamos em uma altitude de 662 metros. Tinha muito chão pra descer até Corupá, local previsto pro almoço. Passamos em vários trechos do Circuíto das Araucárias. Como a estrada serpenteia a montanha, cruza uns pares de vezes com a estrada de ferro. Isso nos fez esperar pelo trem umas duas vezes e outras que corremos pra atravessar o trilho antes dele passar.


Mais algumas curvas e descidas, separados por um vale, encontramos o Morro da Igreja. Nessa hora o Vandeco manda a pérola: tanto lugar pra ter uma igreja e fazem uma lá. O cara deve ter muito pecado pra ir lá. A risada foi geral. Um belíssimo lugar. Pode ser visto de vários ângulos, mostrando a imponência da montanha.



O pedal seguia muito divertido e a fome começou a pegar geral. Até tinha uns belisquetes na mochila mas não quis comer aquela gororoba de ciclista, queria um café com um salgado. Com a chegada do portal de Rio Natal, sabia que estava perto de Corupá e logo encontraríamos uma padaria pra fazer um bom lanche.




No centro bem em frente a praça principal da cidade tomamos um delicioso café com empadão de frango. Tava tão bom que nem tivemos pressa de sair, comemos bem pois tinha pelos menos uns 70 km até em casa. 


Com as panças abastecidas e a alegria estampada no rosto seguimos pra Joinville por uma rua do interior evitando o máximo possível a BR 280. Passamos por Jaraguá do Sul, e inevitavelmente tivemos que circular por um trecho da tão evitada rodovia, mas só até Guaramirim, onde seguimos pelas ruas principais até a Rodovia do Arroz, daí o negócio é outro já me sentia em casa.








Com um belo entardecer na região do Vila Nova chegava ao fim a cicloviagem, mais uns km estaria em casa, pra tomar um demorado banho, depois aquela reposição de energia. Afinal foram 180 km e altimetria acumulada de 3481 metros. Agradeço a parceria dos amigos, pois nada melhor que pedalar com os amigos. Minha esposa me falou que até entende essa vontade de pedalar, mas acordar às 03:00 da manhã com uma temperatura abaixo de 8º C. é pura insanidade. E eu concordei com ela, mas é essa insanidade que nos move.

Abraços e até a próxima aventura.

domingo, 10 de maio de 2015

Rio do Julio ao Contrário

Contrariando qualquer conceito da sanidade mental, pulei da cama ao primeiro toque do despertador às 04:00 da matina, nessas horas a cama se revela em um verdadeiro santuário da preguiça. Mas pra que dormir se podemos pedalar. O projeto do pedal surgiu na quinta-feira à noite no bate papo de ciclista realizado uma vez por mês no MUBI (museu da bicicleta), o Douglas falou que estava com vontade de fazer o Rio do Júlio ao contrário e depois o palestrante citou o referido lugar, pronto foi a palavra mágica que faltava, bati no ombro do Douglas e falei bora subir a montanha sábado? E aqui estava eu tomando o meu café da manhã com tudo pronto pra pedalar desde a véspera e lembrando como essa maluquice começou. Passei na casa do Douglas e fomos em direção ao final da XV de Novembro pra encontrar com o Gilberto, que já nos esperava ansioso e quase congelando de frio.



 Não é um fantasma é um ciclista no meio da noite.


A temperatura baixa não abala o humor desta galera que descobrimos que o grupelho em unanimidade era fã do chaves e do Mr Bean, pra espantar o sono seguimos a técnica do lendário artista inglês. E pra espantar o frio tomamos suco de groselha que parece de tamarindo mas tem gosto de limão.


O gosto artístico do trio ainda é mais louco do que sair na noite pedalando. Animados com as histórias do saudoso Roberto Bolanos e com dó do seu Barriga que nunca recebeu os 14 meses de aluguel chegamos em Schroeder no posto Mimi, onde mandamos ver dois cafés mega quente cada um mais uns lanches pra viagem. E o frio estava pior. Não sei por que cargas d'água o ar condicionado da loja de conveniência estava ligado. Contentes por chegar ao pé do morro e torcendo pra que isso trouxesse algum calor, começamos a brincadeira de verdade. 







O ritmo estava tão bom que passamos direto sobre o rio que corta a rua e desce formando uma cachoeira, na próxima vez vamos fazer um picnic no local. Conversa vai conversa vem, o som da mata, passarinhos cantando tão próximos de nós. Encontramos um macaco prego que nos espreitava, desconfiado da presença de seres estranhos vestidos com roupas ainda pior, logo saltou de uma árvore pra outra e sumiu na mata. Quando chegamos no marco zero, fizemos a foto oficial, até ali foi só subida, cerca de 11 km, agora vem o sobe e desce.








Escolhemos o lugar pra almoçar, na antiga igreja da colina, um lugar especial além de ser a casa do Senhor, possui uma bela paisagem.








O sol trouxe um pouco de calor, mais o vento nas descidas ainda fazia um friozinho. Depois do hotel encontramos vários carros em sentido contrário, era o horário do início da diária, o cuidado nas curvas foi redobrado.




Quando chegamos na rodovia dava a impressão que chegamos em casa SQN. Tem um sobe e desce até a serra, ai são 7 km de descida. Fizemos uma parada no extinto mirante da serra, depois disso na descida o  Douglas levou uma fechada de uma carro, eu atrás tinha a impressão que estava acontecendo em câmera lenta, sem poder fazer nada, achei que o nosso amigo passaria dessa pra melhor, mas com o reflexo de um felino assustado com água fria, conseguiu se livrar da encrenca. Só precisou trocar as calças. Mas deixa isso pra lá.... A fome pegou novamente e mais uma paradinha pra abastecimento na pastelaria e também recarregar as baterias pro sprint final.




No meio da viagem fui trocar as lentes do óculos, e o bruto quebrou as lentes fumês, eis o motivo de sair em todas as fotos com as lentes noturnas, pior é que esqueci de tirar os óculos e nem percebi que as coisas estavam amareladas hehe.
Tivemos a cia do Gilberto até o trevo da Schutz, despedimos do amigo prometendo retornar, pois haveremos de nos encontrarmos muitas vezes mais..... hi lembrei do Chaves novamente. Eu e o Douglas seguimos até nossas casas. Este foi um ótimo passeio com a cia destes dois monstros da bike, nos divertimos muito. Gostaria de agradecer ao Gilberto e ao Douglas por me dar a honra de pedalar 122 km com vocês. Em breve outras aventuras e desafios virão, essa parceria é duradoura. Em casa após um banho enchi a cabeça da minha esposa com as histórias desse pedal, valeu a pena deixar a cama.

Abraços e até a próxima aventura.