domingo, 30 de junho de 2019

Hiking Monte Crista

Domingão dia de fazer churrasco, dia internacional da maionese, dia de assistir Faustão..... Para! Para! Para! Agora baixou o João Cleber. SQN. Domingo dia 23/06 foi o dia deixar tudo de lado e conhecer um local há muito tempo esperado por mim. Sempre quis conhecer, mas não fechava com alguém que conhecia o local. Recebi o convite durante a semana  do Claudio, partiu Monte Crista. 
O ponto de encontro seria na ponte pênsil no início da trilha, sai de Joinville de moto, quase congelei na madrugada fria, a baixa temperatura fazia repensar se estava preparado pra subir a mais de 900 metros, essa ponte fica em propriedade particular, tem um bar com banheiros e estacionamento, paguei 10 pila a diária da moto e mais 4 pila pra manutenção da ponte, quem vai de carro a diária sai 15. Encontrei o Carlos nosso guia que já perdeu as contas de quantas vezes subiu o Monte, também é ciclista, já foi atleta profissional, hoje faz por amor, o Claudio que já somou mais de 20 subidas, o Felipe e eu, esses dois últimos ainda virgem do Monte Crista. Às 05:45 hrs iniciamos a travessia da ponte pênsil, acessamos a trilha e chegamos no outro rio, esse não tem ponte e a travessia é pelas pedras, esperamos o dia clarear pra atravessar com mais segurança, a espera foi rápida, uns 10 minutos.


Fizemos a travessia e logo começa a trilha, ainda estava frio, mas a apreciação da natureza e a descoberta de algo novo fazia eu esquecer disso, logo começou as subidas e a retirada da jaqueta. Subimos pelas escadarias de pedra conhecida por Peabirú, há várias contradições históricas a respeito dessa trilha, uns historiadores falam que é datada há mais de 1000 anos, quando os incas criaram um caminho do Atlântico ao Pacífico, há outras informações de que as pedras foram colocadas pelos Guaranis, e outros ainda relatam que o Jesuítas assentaram as pedras no caminho original em suas missões, passaram por aqui e esconderam ouro e outros tesouro em cavernas refugiados dos piratas. Essas versões históricas criam ainda mais mistérios ao local, enfatizando ainda mais o senso de aventura, me fez parecer um Indiana Jones.


 Sede ninguém passa por aqui. existem vários riachos que cortam a trilha. 





Na clareira tem uma placa indicando a trilha, mesmo se não tivesse, não teria dificuldade de encontrar, mesmo na parte sem as pedras, a trilha é bem batida. 



Ta aí o Cláudio, o cara que criou essa excursão, me convidou pra me retribuir todas as furadas que já nos metemos nas aventuras com a bike. 








Fizemos uma paradinha rápida no mirante, uma pedra um pouco abaixo do Guardião, de lá se tem uma visão fantástica, já dá pra ver a terrinha. Mais umas subidas e trilhas chegamos no ponto alto do Monte Crista, a pedra do Guardião com suas lendas de que ele protege a região, essa pedra é visível de Garuva, por várias vezes passei pela BR 101 subindo de Joinville fica na esquerda e sempre tive vontade de subir lá, agora quando passar lá novamente terei boas lembranças. 








Do início da trilha até esse ponto da mais ou menos 7 km. Depois de um breve descanso e umas fotos, o guia nos mostrou onde seria nosso próximo objetivo, chegar na Cabeluda, um altiplano um pouco mais baixo que o Guardião, esse é o local do pessoal que faz acampamento, é relativamente plano e próximo de fontes de água. O problema é que são mais 5 km até lá com um sobe e desce na vegetação de altitude. 


 A caminho da Cabeluda passamos pela caverna, outro ponto lendário, há quem diga que essa caverna esconde tesouros e relíquias jesuítas e também corpos de aventureiros que tentaram encontrar o tesouro, depois de tantas perdas humanas o exército dinamitou a gruta pra evitar que outros curiosos corressem o risco, confesso que também fiquei curioso. Restou apenas uma pequena abertura. 
Próximo do local dos acampamentos há uma bifurcação que desce atá uma cachoeira linda e gelada, a trilha acaba num caminho de rochas escorregadias e perigosas, parece um leito seco de um rio, mas não tão seco, visto que um filete de água corre em algumas pedras, aumentando o risco de queda, vencido esses percalços chegamos na cachoeira. A vontade de dar um mergulho foi logo descartada quando coloquei o pé na água, estava congelante, chegava a doer o pé, isso na beirada, imagina na parte mais funda. 



Almoçamos no paraíso, descansamos e começamos a descida subindo, isso mesmo, o Carlos falou várias vezes que a descida sobe e a subida desce, deve ser o tal mal da montanha que causa confusão até nos mais experientes, vou me comprometer a subir muitas vezes só pra constatar isso. Segundo o Cláudio, existe apenas dois sentimentos em relação ao Monte Crista, é amor ou ódio, durante a subida ele me perguntou qual era o meu, falei que responderia no final da aventura, embora já sabia que seria amor à primeira vista, só estava esperando a confirmação. 






Fizemos a descida/subida, mais 12 km e chegamos na ponte pênsil, tomamos a Coca Cola mais gelada que tinha no freezer e nos despedimos, apesar de estar bem cansado, estava muito feliz pela conquista, satisfeito pela aventura e grato por receber este convite. Abraços e até a próxima aventura. 

Elo7

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Escolta do Primeiro Dia da Trip pra Aparecida

1º Dia

Sabe aqueles caras de sanidade mental questionável? mas que consegue convencer outros semelhantes a fazer uma bela presepada ciclística percorrendo uma beiradinha de quatro estados, 1000 km em 8 dias? Eu conheço uma meia dúzia de caras assim. O Cemim e mais 5 malucos bom de bike realizaram dos dias 08 à 15/06 uma peregrinação de Joinville à Aparecida pelo litoral, passando por SC, PR, SP e RJ depois voltando à São Paulo. Não pude acompanhá-los na louca trip por problemas técnicos, falta de férias. Mas tive a honra de participar do primeiro dia completo da aventura, assim como eu, outros participaram de um pedaço do roteiro, saímos num grupo de Joinville e em Garuva o grupo voltou, eu, o Vilson e a Lu seguimos escoltando o Cemim, Edemir, Luciano, Valdecir (padre), Edgar e Kiko. O Vilson e a Lu voltaram de Guaratuba, e coube a mim a tarefa de guarda costas até Morretes, onde finalizaria o primeiro dia de pedal com 162 km.







O clima de descontração e nervosismo era somado a ansiedade, ao se despedir do grupo que retornaria a Joinville sob os desejos de boa aventura e proteção divina o grupo se dividiu os que voltaram pra terrinha com a sensação de ter participado de parte da aventura e os que iriam desbravar caminhos ainda desconhecidos pelo sexteto. 








Uma paradinha na Banca Esser em Garuva que nos serviu de bananas ouro, banana maça, banana branca e caturra, fizemos uma salada misturando aromas e sabores. Logo depois da divisa de estados encontramos o Portuga e seus parceiros, outro pessoal que foi acompanhar o grupo, nos seguiram até Guraratuba. 



Já dizia um velho ditado, que um homem prevenido vale por dois, o nosso amigo Edgar que embarcou na viagem a partir de Garuva onde mora, é um desses caras. Sempre atento a detalhes e não querendo dar sorte a imprevistos, foi socando nos alforges tudo que poderia ser útil, quando viu os alforges dos amiguinhos bem menos volumosos começou a desconfiar que exagerou um pouquinho. Quando veio falar comigo eu disse, vamos ver o primeiro dia, o que não usar eu trago de volta no domingo. E assim tocamos até a casa da irmã do Vilson em Guratuba, chegando lá fizemos um levantamento do sobressalente e podemos eliminar uma bolsa que o Vilson se ofereceu pra trazer no sábado mesmo, já que ele retornaria dali. O Edgar pedalou mais leve depois disso. Claro que o fato rendeu muitas risadas e zueiras dos amigos não só na hora mas até depois de concluída a aventura.









Durante os preparativos finais, soubemos que o Vagner e o Lucas estariam na região de Morretes e corria um certo risco de um encontro com os aventureiros, foi o que aconteceu um pouco antes do centro da city.


Depois do amigável encontro do parceiro de velhas aventuras, fomos em direção ao cafofo já reservado previamente pela equipe organizadora, local bem localizado perto da praça central e perto do melhor X Tudo de Morretes, esse último ponto de referência é o mais importante. Depois de banhos tomados, barriguinha cheia, o negócio é dormir. 


Chegada na Pousada em Morretes.

2º Dia

Renovados pela noite bem dormida e mais animados com o café da manhã o grupo saiu como previsto às 08:00 horas da manhã. Um lindo dia de sol anunciava que o dia seria de grandes aventuras mas também de despedidas. O grupo seguiria para Guaraqueçaba e eu retornaria em carreira solo para Joinville. Mas antes, aquele desvio maroto pra subir a Serra da Graciosa, o Vilson era pra me acompanhar neste trajeto, mas por problemas técnicos reprogramou o trajeto e voltou no dia anterior de Guratuba. Marcamos a despedida na ponte de ferro, parada pra foto e logo eu segui meu destino. 






Segui em direção à parte serrana de Morretes, já havia pedalado lá em 2016, porém não lembrava que bem antes da serra já começa aquela subidinha discreta. 




Consegui localizar o trem passando na serra.

Existe um ponto de referência muito importante nessa serra, a antiga ponte de ferro ao lado da rodovia, dali em diante acaba o asfalto e começa o paralelepípedo. 






Aqui se tem duas certezas, sé é difícil subir, também será descer. Aqui é proibido o tráfego de caminhões, só é permitido o uso de carros, motos ou ônibus de turismo. Isso trás mais segurança para os ciclistas, visto que não tem acostamento.








Segui as belas curvas da estrada, em vários trechos em 180º, fiz uma parada em um dos vários quiosques que tem pela subida, comprei uma banana chips típica da região. Peguntei sobre o nome da montanha que se avistava a frente, a atendente me informou que era Morro do Sete, não mais que isso. Subi mais um pouco até o Mirante, onde deveria retornar, faltava pouco mais que 5 km pra chegar no final da estrada, mas já havia chegado no topo da serra, segundo um ciclista local.



  A visibilidade da lente do celular não é muito boa, comparada ao olho humano, mas ao fundo está a baia de Paranaguá.






Agora sim chegou a descida. O coisa boa, SQN. A vibração do paralelepípedo faz soltar qualquer junta. Chega a doer os braços e ombros. Mais alguns minutos estava novamente no centro, fiz um lanche numa barraquinha de pastel, fui até a pousada filar um Wifi, já que meu celular resolveu ficar fora de área. Passei as informações pra esposa que estava em casa ansiosa por notícias e apontei o nariz pra Joinville, mas antes ainda tinha que enfrentar a região de Limeira com sua serra de chão batido, nem tão batido assim, por sinal.






A Limeira também já era conhecida de outros pedais, mas nunca tinha subido de lá pra cá, a subida é mais curta, porém mais íngreme. Já estava ansioso por um estradão, no dia anterior pedalei 162 km de asfalto, agora teria a companhia de 70 km de estrada de chão no puro MTB.





A descida com muitas pedras soltar, buracos e erosões judiou bastante, visto que estava com garupa e uma pequena bolsa, batia tudo, parecia que a garupa ia partir no meio, se isto acontecesse iria abandona- la por lá. Foi muito sofrido esse trecho, mas a alegria de retornar era grande. 






Na região de Cubatão de Guaratuba senti uma irritante paz, no meio do nada, somente eu e a natureza, espera encontrar ao menos algo mais barulhento que os pneu da bike socando o cascalho. Faltavam ainda 25 km até Garuva.
Com o fim da tarde e a aproximação da cidade, alcancei um trio de ciclistas, me informaram que faltavam 5 km pra chegar em Garuva, eles estavam bem cansados e até meio abatidos, o tempo que fiquei ali acabou abalando meu psicológico, e acabei sedendo a tentação de um disk esposa. Liguei pra dona Andreza assim que consegui área do celular, fui até a padaria tomei aquele café e esperei pela carona. Tudo bem que me arrependi, mas passou, logo em seguida vi que o pneu estava furado, então entendi que estava tudo bem em abortar ali, afinal já estava no segundo dia e com 137 km de pedal com duas serras. 


Vim pra casa feliz da vida por ter amigos loucos, e por ter participado de parte do pedal deles. Eles continuaram pelo litoral, passando também pela trilha do telégrafo e chegando cada vez mais longe do local de partida. 





Atingiram seus objetivos de fazer 1000km em 8 dias de pedal, no dia 15/06 chegaram a Aparecida, a mulheres de alguns foram de van pra recepcioná-los e trazer de volta pra casa esses guerreiros que tem o meu respeito. No dia 16 combinamos um café na casa da amiga Cláudia e do Ademir, onde nos confraternizamos, ouvimos as histórias e demos muitas, risadas. 


Por isso este relato sofreu propositalmente este atraso, pra poder contar um pouco mais dessa aventura, dizem as más linguas que ano que vem tem mais. Abraços e até a próxima aventura.
Elo7