segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Salto do Engenho Campo Alegre

Bem senhores, mais um pedalzinho no paraíso da Serra, Campo Alegre, como o nome sugere é sempre uma alegria retornar àquele lugar lindo com pessoas tão acolhedoras. Fizemos um treino, já que no dia 18 acontecerá o Pedal da Festa da Ovelha, e pretendemos fazer o já conhecido bonde. Saímos do Centreventos, eu, Jonatan e Kiane (vieram de São Chico pra pedalar conosco), no Garten o Fabiano nos esperava e em Piracity encontramos o Wilson e a Lu, o Canela deveria estar lá, ligamos pra ele e logo chegou, preparado para o frio e chuva, a zueira foi generalizada, mas segundo ele informações quentes lhe passaram a previsão, que seria de chuva. Subimos a serra, o clima se mostrava agradável com a sensação de que teríamos calor durante o dia. No Mirante o sol já estava quente. 




Fizemos a parada oficial no tio da empada em cima da serra e depois seguimos nosso destino, Salto do Engenho. Logo o pneu da Lu furou, e como ela vinha se gabando que já sabia trocar, deixamos essa tarefa pro time feminino, SQN, tiramos uma foto com elas com a mão na massa e depois o Wilson fez a troca. 




Agrupamos no Restaurante Alto da Serra, onde o Claudio (proprietário) nos elogia sempre que chegamos lá, ele diz: "vocês tem problemas". Depois largamos o asfalto e pegamos a estrada de chão em frente ao restaurante, já de cara mais subidas. 


Os 8 km de estrada de chão foram percorridos com um olho no pedal e outro na paisagem, o lugar é muito lindo, cheio de fazendas de vários cultivos. Logo a estrela do show. escondida atrás de uma curva, fomos antecipadamente recepcionados pelo barulho da água, e depois a bela cachoeira.




O Canela se inspirou e deu uns mortais.





Pra não voltar pelo mesmo caminho resolvemos voltar por Nárnia, o Canela tem uma passagem secreta pelo meio dos pinheiros, diz ele que já encontrou o Grande Aslan, acho que pegou muito sol na cabeça. Mas o roteiro é ainda melhor que a ida, só perde pra cachoeira, por isso deixamos pro final. Seguimos em frente, onde tem o engenho que dá o nome ao salto, uma subida forte mas curta espera os ciclistas à direita. 











Retornamos para o centro onde fizemos uma paradinha pra um suco, enquanto estávamos ali sentados jogando conversa fora, o tempo mudou drasticamente, o único preparado era o Canela e a Kiane. O Jonatan foi numa loja da esquina encontrou capas de chuva descartáveis, fomos todos lá comprar e logo caiu a maior chuva. 



Embalamos as coisas que não podiam molhar e encaramos a chuva. Pedalamos uns 3 km's e a chuva passou, paramos pra tirar a capa que já estava incomodando. Quando chegamos na placa de divisa de município de Campo Alegre e Joinville, falei pro Canela, põe a capa. Rodamos 200 metros e tivemos que correr pra nos abrigar em baixo de uma árvore e colocar as benditas capas de chuva. É por isso que chamamos nossa cidade de Chuville, a chuva nos acompanhou até Pirabeiraba, descemos toda a serra em baixo de chuva, dividindo espaço com um trânsito intenso. O pessoal estava descendo sentido às praias pra aproveitar o feriadão. Quando paramos pra reagrupar no viaduto da BR 101 em Pira encontramos o Alessandro, ele estava sem a bike, estava acompanhando sua esposa num trabalho. Ela é fotógrafa e estava fazendo um ensaio de um casal na Casa Kruger centro de informações turísticas. Estava com a camisa do São Paulo, quase não deixamos ele sair na foto, mas como é um cara legal, até relevamos o péssimo gosto pelo time de futebol, brincadeira Alessandro.


Como a chuva diminuiu, abandonei numa lixeira a minha estimada capa, mas antes de chegar em casa levei ainda dois banhos de chuva, sempre rápidas, só aguaceiro pra lavar a bike. Este foi mais um daqueles pedais. Daqueles que dão vontade de repetir. Passamos calor e depois um bom banho de chuva, foi ótimo ter a cia dos amigos em mais um dia de pedal. Nos encontraremos por aí em outras aventuras.


domingo, 19 de fevereiro de 2017

Rio Natal ao Contrário na Malandragem

Depois que comemos o galo e compramos um despertador, minha pontualidade não é mais a mesma. Longe de se assemelhar à pontualidade inglesa, ainda assim chegava na hora do pedal. Marquei com a galera no pórtico da city às 5:00 horas, meu despertador me pregou a peça e não me acordou. Na madrugada acordo e dou uma olhada só pra ver quanto tempo ainda posso dormir, e o susto despertou até a minha esposa que dormia em sono profundo.  Meio sem acreditar e ainda refazendo os cálculos de horário, percebi que faltavam 5 minutos pro horário de largada. Tentei ligar pra vários ciclistas, mas todos já estavam a caminho do pórtico com os celulares no modo avião pra usar o Strava. Consegui contato com o Seu Domingos e deixei o recado pra galera tocar o pedal e me esperar em Guaramirim no Posto Brudertal. Malandramente coloquei a bike no carro e rodei 30 km até encontrar a galera que já estava com a faca nos dentes. 







Me juntei ao grupo formando 11 ciclistas, uns já conheciam o tal de Rio Natal, outros estavam debutando na temida região montanhosa que liga Corupá a São Bento do Sul, no pelote Canela, Veldecir, Vagner, Wilson, dobradinha de Maikon, Domingos, Cassio, Luciane, Alexsandra e eu. Chegamos em Corupá e fomos pra padaria fazer um reforço no café e também comprar suprimentos pra viagem. 



Depois de abastecidos seguimos para o Rio Natal que fica próximo do centro, de lá já começariam o longo trecho de subidas, quase 25 km. O calor estava forte, mas no início da subida é feito na sombra, mas depois o bicho pegou. 








Logo na ponte do Rio Natal encontramos este simpático cachorrinho, ele nos acompanhou por mais de três quilômetros morro acima, quando chegava uma descidinha ele gania e tentava nos acompanhar, ao chegar na Lanchonete Sininho paramos pra comprar umas águas e descobrimos que o cachorrinho é dali mesmo, e que sobe e desce as morrebas da região. 












O grupo se dispersou, devido a variedade de performance, eu e o Canela subimos juntos e no alto da serra próximo a uma das várias passagens pelo trilho tem uma bica de água geladinha. paramos pra pegar água, logo chega o seu Domingos avisando que deu BO com a bike da Luciane, arrebentou a corrente e vinha empurrando. Enquanto pensávamos no que fazer e como resolver o problema nessas circunstâncias, ouvimos o som do apito da Maria Fumaça, nos fez esquecer da corrente arrebentada, esperamos o momento em que ela apareceria na curva. O Canela deu uma de índio do faroeste, colocando o ouvido no trilho pra sentir o ruído do trem. 










Depois que o trem passou lembramos da Lu, nisso vimos algo que nos fez rir de alegria, vinha a Lu o Maicon e a Alexsandra na carroceria de uma caminhonete.




Um casal que estava subindo teve a bondade de levar eles até umas casas que tem mais a frente e por coincidência o outro Maikon estava por perto com as ferramentas e um Powerlink pra consertar a corrente. Logo alcançamos eles. Enquanto esperávamos o conserto o Canela pegou uma bici da casa e falou pra Lu usar a pequena bike como reserva.



Depois do incidente e das boas risadas aproveitamos pra reforçar o lanche ali mesmo e partimos pros km's finais do Rio Natal, Logo já estávamos no outro pórtico, finalizando a estrada porém muito longe de terminar o pedal.


Já em terras de São Bento do Sul, empoeirados e suados seguimos pra mais morrebas. Acessamos a região de Rio Vermelho pra cortar caminho, só que no trajeto tinha a Serra do Gatinho, outros a chamam de Serra do Perigo, pra quem já está cansado esta serra demonstrou uma grande barreira. 









As sombras nos flertavam tentadoramente diante do forte sol, seguimos em frente e saímos no centro de Campo Alegre onde estava programado uma parada pra tomar um suco de laranja no comércio da prima do Maikon. Depois nos despedimos da cidade que amamos e enfrentamos o sobe e desce até chegar na descida da serra Dona Francisca.




Ao chegar no viaduto de Pirabeiraba o pessoal se dispersa, cada um segue o seu lado, encontramos o Rogério mais conhecido como Neguinho do Asfalto, saiu de Manaus e está percorrendo o Brasil, Passando em Santa Catarina com destino à Argentina, Chile e todos os países da América Latina, subindo depois até o Canadá, enquanto contava sua história nos relatou em fato lamentável, sofreu um assalto ao entrar em Joinville. Dois bandidos o abordaram e levaram R$ 100,00 que eram tudo que ele tinha e ainda o machucaram, juntamos uns trocados pra ajudar e demos também uns remédios pra dor pra ele. É lamentável, essa é a imagem que levará de nossa cidade.  




O Neguinho do Asfalto nasceu com um doença rara, cego e paralítico, sua mãe faleceu durante o parto, mais tarde passou por procedimento cirúrgico onde passou a enxergar e andar. Aos 14 anos fez uma promessa de rodar 30 anos de bicicleta. E já está na estrada há 25 anos. Segue um dos links do youtube que conta um pouco de sua história: https://www.youtube.com/watch?v=p2nCOVAyerM foi gratificante encontrar este ciclista no final de nosso pedal. Nos deixou com uma sensação de que te muito mais a agradecer do que a pedir. Espero que o Neguinho do Asfalto realize o seu desejo e cumpra esta promessa, com certeza lhe sobrarão experiência de vida e muitas histórias pra contar. Ainda comovido com a história do ciclista, o Wilson me ofereceu uma carona pra buscar o meu carro que estava uns 25 km dali, estava tão cansado que aceitei a carona, foi um desfio daqueles, com muita sol, morro e mais histórias pra celebrar em cia dos amigos. Agradeço ao casal que prestou a bondade e socorro com a corrente arrebentada, agradeço aos amigos que aceitaram o desafio e ao Maikon que consertou a corrente. Fica a dica, levem sempre uma chave e um Powerlink.

Abraços e até a próxima aventura.