terça-feira, 31 de outubro de 2017

Pomerode e Rio dos Cedros com Ataque do Chevette Malígno

Ignorando o bom senso e também o conforto e segurança das casas, enfrentamos o forte vento do ultimo sábado, saí de casa às 23:40 horas da noite de sexta feira, e encontrei o Vagner na beira rio. Fomos até a casa do Canela em Pira. O vento era tanto que em vários momentos a bike se desequilibrou. A proposta de fazer um pedal noturno, treino para um novo desafio que está por vir, a ideia foi rejeitada ao chegar no AP do Canela, o vento estava muito forte, para indignação e raiva dos vizinhos ficamos lá jogando conversa fora e dando risadas relembrando dos perrengues vividos nos pedais até quase 03:00 da manhã. Quando resolvemos sair. Nosso destino era seguir até Pomerode e depois Rio dos Cedros, esta segunda cidade totalmente desconhecida do trio.
Ao sair de Pirabeiraba pela Br 101 o vento continuava, mas deu uma amenizada, ao acessar a Rodovia do Arroz, ele bateu de frente novamente, mesmo com todas as curvas que a rodovia faz, o vento sempre batia no peito, penamos muito, fazia muito tempo que não enfrentava uma situação assim. Pra nossa sorte o pneu dianteiro da minha bike furou, senti que estava esvaziando, mas toquei até o posto Brudental pra fazer a troca em lugar seguro. 


Enquanto o Canela pousava pra foto de pernas pro ar, eu me lembrava de uma situação vivida por um amigo, o meu mecânico da bike. Ele diz que tudo o que não presta é Chevette, o nível máximo de comparação de algo ou alguém que incomoda muito é o Chevette, não sei porque essa sisma com o modelo da Chevrolet que brilhou nos anos 80. Mas a escala dele ainda vai além, se o transtorno causado é muito grande, então passa a ser Chevette do Diabo. Após muitas risadas, acabamos nos convencendo que o vento naquele momento era o dito carrinho do cão. Esperançosos que ao terminar a rodovia e fazer a conversão a direita na BR 280 o vento iria sessar, seguimos. E não é que o Chevette nos esperava na curva? Atravessamos Jaraguá do Sul quase deserta, e a única alma vivente fora os três malucos foi parada pra tirar algumas informações, pra nossa surpresa estávamos no caminho certo. Como sei que muitos vão pensar que o vento deu trégua, já vou adiantando, nos empurrou pra trás durante 75% do pedal. Quando saímos de Jaraguá sentido Pomerode, o dia estava amanhecendo, e também deu uma prévia do que seria o belo dia de sol quente.





Passamos o portal e logo já encaramos a serra de Pomerode, já passei várias vezes de carro por ali, constatei que de bike foi a melhor opção. Subimos com pouco movimento, devido ao horário, o dia amanheceu cedo.  A descida foi bem de boas, o chevette sempre na contramão não deixava embalar muito, aliás, não precisou nem usar os freios. 




Fizemos aquela paradinha pra foto no portal, pra provar que estivemos na cidade, pegamos um trecho de paralelepípedo muito ruim, parecia que ia desmontar as bikes. Procuramos uma padaria no centro, após um café, e um descanso partimos pra rua.





Ao sair na rua, percebi que o pneu estava vazio de novo. Realizamos a troca e não encontramos nada que poderia ter furado, depois vimos que o problema era a válvula vazando, abandonei ela por lá mesmo e seguimos em frente. Rumo à Rio dos Cedros. 


Saindo de Pomerode mais umas subidas, estávamos cientes de que encontraríamos duas serras, mas os mapas do Strava nos enganaram, pegamos umas subidas com vento contra, mas isso não é novidade né, pra mostrar um pouco do nosso sofrimento, olha a foto dos Eucalíptos envergados pelo vento, e nós enfrentando tudo isso, ou tentando.





Quando chegamos em Rio dos Cedros, a sensação era que estávamos retornando pra casa, mas ainda tinha muito chão pela frente, e também muito morro e o tal Chevette? não vou mais falar nele, mas estava lá o tempo todo.
O bom de passear em locais turístico, principalmente em rota de cicloturismo, é que o pessoal local respeita muito os ciclistas, fomos muito bem recebidos em cada lugar que paramos pra pedir informação ou comprar alguma coisa. Nosso almoço foi dentro de um mercado, era pequeno, mas tinha uma variedade imensa de produtos, na verdade, tinha de tudo, parecia um shopping, desde material de construção à papelaria, açougue e agropecuária, hehe. mas a simpatia do pessoal era o que mais chamava a atenção. 
Depois de bem alimentados seguimos, ao final da estrada uma bifurcação que não constava no nosso GPS, pedimos informações no posto de Bombeiros, as orientações foram dadas, a estrada da direita era o caminho largo e fácil, porém sem belezas. Caminho da esquerda era o difícil, com muito mais morros e porém o mais belo. Após alguns cálculos da distância versos tempo, decidimos seguir pelo caminho mais bonito, tinha um compromisso com a família à noite em Barra Velha, e achei que tinha tempo suficiente pra completar o percurso e chegar em casa até as 17:00 horas. Bora pra frente enfrentar o desconhecido. E pra variar nos perdemos, passamos direto da entrada, em algum momento o roteiro pegaria a direita, se continuasse reto, subiria até Alto Palmeira, o que eu descobri quando já estávamos bem próximo desse lugar. Numa olhada rápida no celular, todos perceberam meu desconserto e perguntaram: estamos perdidos? ficamos ali pensando em voltar, e pedimos informação, o rapaz nos orientou a pegar a direita e subir a serrinha, fiquei muito feliz por ser uma serrinha, sabe nada inocente.







Ao começar a subida da Serra do Rio Milanês percebi que o horário do meu compromisso sofreria uma pequena alteração. Uma subida sem trégua, cinco quilômetros, percorridos em 1 hora, mais meia hora que ficamos em baixo de uma árvore, uma das poucas sombras que encontramos, tentando esfriar o radiador. Em cima da serra tem uma vila, onde fomos muito bem recebidos em uma roda de conversa enquanto o dono do boteco nos servia o guaraná mais gelado do mundo. Depois de várias histórias sobre cicloviajantes que deram o ar da graça por aquelas bandas, nos despediram com uma informação muito importante, era só descida, conheço bem esse jargão. Descemos por um bom trecho, desejando nunca mais ter contato com qualquer montanha. 





Chegou em um ponto de bifurcação, pra direita indicava Pomerode, e reto, Jaraguá do Sul, seguimos a lógica, fomos reto e logo começou um subidão, comecei a desconfiar que estava errado, pude confirmar isso depois de uns 5 km da bifurcação, novamente perdido. Voltamos e entramos a direita, mesmo que a placa indicava outra cidade. 
Seguimos em direção à montanhas, todo lugar ao redor era morro, desconfiamos e pedimos informação, tinha ainda a Serra Rio Carolina pela frente, pô Carol não faz isso com a gente. E os carinhas do bar mentiram pra nós.


Ao fundo o início do morrinho.

Como não tinha outro jeito de atravessar, resolvemos tomar um banho de rio antes da subida, a quarta serra do dia, já tinha minado as forças. O calor era tão forte que expulsou o Chevette pra longe, por um momento sentimos falta do vento pra refrescar. Subimos a serrinha e chegamos na divisa de Rio dos Cedros e Pomerode.




Mais uma centena de metros outra divisa municipal, agora de Pomerode e Jaraguá do Sul.


Agora é só encarar o descidão do Ribeirão da Luz e achar uma padaria pra tomar um café, porque todo o suprimento de sanduíches, gel, pacoca, amendoim e água se esgotaram.



Paramos num boteco só pra comprar um guaraná. Quando saímos do local o pneu do Canela furou e esvaziou de repente. Encontramos um rasgo na lateral do pneu. A câmera deu PT. Enquanto os dois arrumavam, eu me deitei em um banco e me perdi num sono profundo, segundo as línguas difamatórias da dupla, eu ronquei em poucos segundos que deitei a cabeça. Depois do pitstop seguimos em busca da padoca, não encontramos nada, fomos em direção ao centro e paramos num Posto de gasolina, onde a variedade de guloseimas era imensa, aí sim, tiramos a barriga da miséria. Continuamos pela estrada que passa na entrada do Morro das Antenas e depois por Figueiras. O vento nos encontrou novamente, sorte a nossa que a temperatura baixou, também era o final do dia, liguei pra esposa e falei dos perrengues e não conseguiria chegar a tempo. Ela foi com as crianças para o compromisso. Quando entramos na Rodovia do Arroz, o vento parou, mas não vi muito proveito nisso, já que não tinha mais forças pra pedalar, ia só no giro, um silêncio constrangedor dominando geral, ninguém conversava, até que um chiado tirou a monotonia do pedal. Um prego entrou no pneu traseiro do Canela. Como não tinha mais câmera reserva, remendamos e tentamos seguir a uma velocidade acima do rastejar. 


Assim terminamos a bela pedalada, cheguei em casa muito cansado, fazia muito tempo que um pedal não me destruía assim. Foram 235 km de puro esforço contra o vento, escalando morros, e torcendo pra que a esposa não estivesse muito brava por não acompanhá-la. O legal é que depois que passa dá saudade de voltar e fazer tudo de novo, sem a cia do Chevette, é claro. Agradeço aos parceiro Canela e Vagner por dividirem suas loucuras de pedal comigo. Agradeço à minha esposa pela compreensão. Abraços e até a próxima aventura. PS: agora que meus olhos desincharam que pude editar o blog, o baixinha brava kkkkkkk