segunda-feira, 23 de março de 2015

Audax 300 km Balneário Camboriú

Seguindo com o calendário de provas do Audax, parti para Balneário Camboriú pra realizar a prova de 300 km. A largada seria na madrugada de 21/03. às 04:00 horas. O tempo de prova é de 20 horas. Sai de casa às 02:00 horas da madrugada e fui direto para o local da prova, ainda tinha que retirar o kit, montar a bike e passar na vistoria. Tudo com tempo muito justo. Cheguei no local e dei de cara com muitos ciclistas de speed, isso me deixou temeroso pelo fato de não conhecer ninguém, e acompanhar esses caras não é fácil. Logo na largada pedalei ao lado do Dariu, um carinha de Itajaí que estava de MTB e também estava sozinho, pronto ali iniciou uma parceria que durou a prova inteira, e creio que a amizade vai além das provas. Não deu nem tempo de aquecer o esqueleto e chegamos no morro do boi. Subimos girando e conversando em direção à São José, próximo a Floripa. Quando estávamos passando por Governador Celso Ramos fomos brindados com um belo por de sol.

 Foto Jose Carlos Lima


Desde a leitura dos mapas dias antes da prova meu medo era quando chegasse em São José, o PC 1 é dentro da cidade na Ciclovil bikes, quando nos aproximávamos da entrada já encontramos alguns ciclistas perdidos, juntamos todos num pelotão e fomos em busca do PC, perguntamos a uns ciclistas que não estavam participando da prova e nos indicaram o local. Chegamos às 07:00 horas com 75 km rodados 1/4 da prova. No local comemos umas frutas, tiramos fotos e partimos de volta. 



O pedal fluía muito bem e em Governador Celso Ramos a organização do evento nos brindou com um delicioso Caldo de Cana em uma barraca ao lado do rodovia. Uma paradinha rápida para repor as energias com essa deliciosa bebida refrescante. 





Quando a cia é boa a conversa envolve e nem percebemos tanto a distância, logo estávamos de volta pela cercanias de Balneário Camboriú. Mas antes uma série de lugares lindos, e também o túnel,  que é sempre legal passar por ele. Ainda quero voltar e pedalar por estes locais em outra oportunidade que não seja em uma prova, pra poder curtir cada cantinho deste paraíso.








Após o túnel seguimos para o mesmo local da largada no Residencial Village Ipê, o PC 2, metade da prova. Como administramos bem o tempo, nos demos ao luxo de demorar neste local, também não era pra menos, o sol estava castigando e o local do evento é muito aconchegante, os ciclistas disputavam um lugar à sombra, nós fomos mais ligeiros e conquistamos o direito de ficar sob a sombra de uma tenda. Eram vários deitados na grama descansando para a etapa seguinte, mais 150 km. Chegamos às 11:00 horas e só saímos dali às 12;00 horas. Com o sol a pino, torrando. 





Aproveitei pra dar uma caminhadinha pra esticar as pernas.

Como o calar tava de matar resolvi deixar os manguitos e pernitos no carro, esta decisão parecia óbvia no momento, mas no final da tarde se tornou tremendamente insana. Aproveitei pra deixar outros pesos desnecessários como um dos faróis que tinha acabado a bateria. Ao meio dia partimos em direção à terrinha Joinville, o cheiro de comida das casas nos torturava tentadoramente. Nessas provas de longa distância aprendemos a ignorar qualquer proposta indecente, mesmo que por um momento sacie nossa vontade. Neste intervalo de descanso verifiquei o facebook e vi algumas mensagens de amigos desejando boa sorte. Tinha também um conselho do grande ciclista Deivi vulgo "cabelo" que já fez toda a série do Audax, inclusive o 1000 km. ele também tem um blog  o www.pedaldocabelo.blogspot.com.br, que dizia pra não me preocupar com a distância, apenas manter o foco com força e fé. Segui as dicas deste super biker e me senti lisonjeado pelo conselho. O objetivo, o terceiro PC no viaduto que dá acesso à Jaraguá do Sul. Este ponto de controle encerra às 19:00 horas, com tempo de sobra resolvemos desacelerar pra nos poupar um pouco.


Acima a travessia sob a ponte do Rio Itajaí-Açú.

Quando chegamos no posto Sinuelo começou a chover, chovia tanto que não dava pra tirar mais fotos, acho que estou precisando uma câmera impermeável, fica a dica hehe. Com a chuva veio o frio, era só parar que o frio batia forte, sem contar o vento contra que sempre impera na região. Chegamos no PC 3 molhados, com frio, sujo, com fome, com dores nas pernas, mas a vontade de vencer era muito maior. Comi dois sanduíches, coloquei meu corta vento e me arrependi de ter deixado os manguitos no carro. Em cada parada fazia uma ligação pra esposa pra falar da situação. Neste local não liguei pra ela, porque sabia que ela ficaria com pena de mim, e não queria isso. A situação estava feia, literalmente. Caiu o maior temporal, vento, raio, trovão, frio. Qualquer ato de compaixão poderia me desestabilizar. Como o frio ali parado estava insuportável resolvemos encara-lo, tinha a intenção de ligar assim que a tempestade acalmasse, ledo engano. O fenômeno nos acompanhou por um bom trecho. E não fiz a bendita ligação, será que a patroa ficou bicuda? O pedal foi legal até Penha, já próximo de Itajaí escureceu e com a penumbra veio um repentino cansaço, o Dariu e eu revesávamos com as dores nas pernas, sem contar que o silêncio só era quebrado com o som dos pingos de chuva batendo em nossos capacetes. Então travamos uma disputa com o Mr Bean pra ver quem pedalava mais devagar. Acho que ele ficou com inveja.


Os últimos trinta km foi revesado em sprint e depois baixa velocidade. Este trecho minou nossas energias. Foi o pior deles, porém o tempo estava a nosso favor, tinha boa margem de sobra, nos dando o privilégio de pedalar de acordo com nossas vontades. Quando avistamos a primeira entrada de Balneário nossos ânimos se renovaram, também não era pra menos.
Encerramos nossa empreitada às 21;30 horas da noite com 17:30 horas torturando o traseiro no selim da bike. 

Foto Jose Carlos Lima


Foto Jose Carlos Lima


Foto Jose Carlos Lima


Foto Jose Carlos Lima


Comemos uns pedaços de melancia, e nos despedimos. Eu fui tomar um banho quente pra depois seguir viagem de carro até Joinville. A volta foi difícil porque o banho relaxou o corpo e bateu o sono. Parei em um posto na saída de BC onde tem um Subway e mandei bem num sanduba de 30 cm. Depois falei com o gerente do posto pra dormir ali no patio, ele disse que o posto fecharia meia noite, mas poderia ficar ali por minha conta e risco. Dormi uma hora e meia. Segui viagem achando que tinha despistado do sono, não cheguei em Itajaí e comecei com os sintomas novamente. Parei num outro posto em Piçarras, vencido novamente dormi mais uma hora. Cheguei em casa às três da matina. Cansado e com um belo sorriso no rosto e uma bela medalha no peito. E me deparo com uma homenagem que me fez sorrir ainda mais. A minha esposa e maior apoiadora fez um cartaz onde ela e as crianças assinaram.


Foi um grande aprendizado participar desta prova, sobretudo por ter feito o 200 km na semana passada. Olhando agora tudo isso chego a seguinte conclusão: faria tudo de novo. Agradeço à Deus por ter me dado forças, à minha esposa, ao Dariu parceirasso, e aos meus patrocinadores. Novamente sugiro aos leitores que priorizem seus negócios com essas empresas que acreditaram em mim e neste projeto, deixo também minha gratidão aos organizadores da prova.







Mais trezentos, aliás minha primeira prova de trezentos. Em um dia em que passamos calor de rachar e depois frio de congelar. Hoje posso rir de tudo isso, faria tudo de novo e  se Deus quiser enfrentarei os 400. Abraços e até a próxima aventura.





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