segunda-feira, 16 de março de 2015

Audax 200 Joinville

O dia tão esperado pelos ciclistas de Joinville chegou, e marcava uma data importante no calendário, o Audax 200 km. O Audax é uma prova de longa distância criada na França denominada como Randonnee. No Brasil usa o nome de Audax. Onde o principal rival é a próprio ciclista, isto favorece o companheirismo e ajuda entre os participantes. Tratando-se de uma prova de regularidade, existe pontos estratégicos em que o ciclista deve passar e carimbar o passaporte, comprovando a passagem em horário estipulado pelos organizadores. Aqui em Joinville quem organiza é o Audax Floripa. 
No decorrer da semana conversei com uns amigos e decidimos formar um pelotão, no dia da largada estavam todos ansiosos, esperando o momento de partir, mas antes foi feito um minuto de silêncio pelas vítimas do acidente com o ônibus na serra no dia anterior.

Foto: Clube Audax Floripa

Encontrei com os amigos, alguns já conhecidos de outros pedais, outros do facebook. Passei a noite de sábado pra domingo numa ansiedade só. E pior que não era só eu. A minha esposa também estava ansiosa. No ano passado, quando fiz a primeira vez esta prova, não fiquei tão ansioso. Dormi mal, alias fui dormir depois das 02:00 horas, e 04:30 horas acordei, sempre que não durmo meu estômago não trabalha bem, e foi o que aconteceu, sorte que não comprometeu minha prova.


Pra efeito de apresentação da trupe da esquerda pra direita, Jedson (eu), Douglas, Clóvis, Juliano, Valdecir, Gilberto e Rodrigo. Este último perdemos na largada e não encontramos mais a prova inteira. Seguimos até o primeiro PC (posto de controle), onde estranhei que não havia fila, depois o pessoal foi chegando e juntou uma galera, aí percebi que eramos uns dos primeiros, porém nesse local demoramos pra sair. Ninguém deveria ser deixado pra trás, então reagrupamos tiramos umas fotos e depois partimos pro segundo PC, no mirante da Serra Dona Francisca.



 Quando saímos sentimos que o corpo havia esfriado, por falar em esfriar, a temperatura também estava baixa, devido uma chuvinha leve que caiu nos primeiros kms. Pedalamos até o final da Rodovia do Arroz, e pegamos a BR 101, em frente a Tigre o primeiro furo de pneu do grupo. Esses furos, na verdade são umas paradas providencial, pra dar um descanso, hidratar e esticar as pernas.



Dali pra frente o tempo mudou, o sol abriu em potência máxima de torrador de cocoruto, enquanto o sexteto seguia em direção a serra, o sol castigou tanto que a maioria dos ciclistas parava na bica da cabana dois irmãos pra se refrescar, neste momento eu comecei a passar mal, estava sem energias então comi um gel e quase chamei o Hugo. Continuei a subida e logo foi interrompida. Devido ao acidente com o ônibus no dia anterior, a serra estava bloqueada nos dois sentidos, um helicóptero da policia pousou na pista. A maioria dos canais e jornais da região estavam lá pra fazer a cobertura, e o mal estar continuava, minhas pernas tremiam e eu me afastei do grupo. Toda aquela comoção do acidente, mais a noite mal dormida e o calor, me deram um desgaste muito grande, parecia que ia desmaiar, então uma ciclista acho que é Teca o nome dela me ofereceu um sanduíche, não precisa nem comentar que não fiz nenhuma cerimônia pra aceitar. Comi o lanche e logo a pista foi liberada somente pra ciclistas e motociclistas, chegamos então no PC 2 com boa margem de tempo. 





A conquista da serra é sempre única, toda vez que subo é diferente. Essa por exemplo, foi a pior subida que fiz. Há quinze dias atrás subi brincando. Hoje porém, foi na raça. 


A equipe se mantinha unida, sempre um esperando pelo outro, e dispostos a ajudar sempre que necessário. A sensação que dá depois deste PC é que o pior já passou, mas ainda tem muito chão pela frente, aqui não é nem metade da prova.
Chegando novamente na BR101 com sentido norte, pegamos uma chuva, no início ficamos todos faceiros pela refrescada, mas com o tempo o pedal fica mais pesado e exige mais energia pra manter o mesmo ritmo.


Região do Monte Crista, a chuva chegando, não demorou muito e nos alcançou. Depois disto nos acompanhou por quase 80 km. Quando chegamos no PC de passagem com 140km, é um retorno onde não precisa carimbar passaporte, fica na entrada do porto de Itapoá, a chuva deu uma trégua, suficiente pra um selfie. e socamos a bota porque a chuva voltou e não pode deixar o corpo esfriar.

A foto ficou tremida mas não é por falta de habilidade do fotógrafo não, é por emoção que só falta 60 km pra autenticar a fasanha destes aspirantes a ciclistas. Estava com tanta vontade de voltar que nem verifiquei como ficou a foto. O retorno foi embaixo de chuva, o cansaço se manifesta de formas diferentes nas pessoas, mas em geral fez o grupelho ficar em silêncio por um bom trecho. Seguimos até o último PC na Estrada Bonita, neste local minha esposa me esperava com as crianças e um lanche, nem consegui comer, pois o mal estar voltou. Foi outra parada rápida, 10 minutos no máximo, carimbamos os passaportes e vazamos em direção à linha de chegada.

Último PC, agora falta pouco

 O grupo se dividiu em dois, o Juliano, o Valdecir e o Gilberto foram um pouco na frente, e eu, o Douglas e o Clóvis ficamos pra trás, mas mantendo um campo de visão. Nisso o meu pneu traseiro furou, faltando 15 km pro final da prova, então fizemos sinal pro primeiro grupo continuar, e fizemos a troca com a ajuda dos amigos, nesse imprevisto nem tirei foto, só queria chegar logo na linha de chegada. No final da estrada do Oeste minha esposa nos aguardava fazendo torcida com as crianças, o João Pedro quando me viu ficou chamando o papai, mas como não podemos receber apoio fora dos PC's, não é bom deixar margem de dúvidas parando pra dar atenção a eles. Já tinha combinado com a minha apoiadora sobre isso, então sem problemas, correr pro final, onde poucos minutos nos separavam da honra de concluir uma prova nesse nível. Na chegada me emociono. Ai corro pro abraço da mulher que me incentiva, me apoia, ouve as minhas histórias quando chego do pedal, e ainda lê o blog e faz as devidas correções ortográficas. Me emocionei tanto que esqueci de tirar foto com ela.

Foto: Clube Audax Floripa





Terminamos a prova em 11:30 horas, cada um com seus devidos traseiros doloridos, outros com as pernas bambas, mas em comum todos guardaram muitas histórias e experiências pra contar. Afinal superamos o limite. Deixo meu agradecimento a Deus que me deu saúde. Em 2011 passei por uma cirurgia na coluna, naquela época nem imaginava que estaria segurando esta medalha. Agradeço a minha querida esposa pelo apoio, incentivo, compreensão nas horas em que tenho que treinar, ao Valdecir, Juliano, Clóvis, Douglas e Gilberto que foram parceirassos formando este pelotinho unido. Nos divertimos muito com essa galera.
Deixo meus agradecimento e sinceros votos de bençãos aos meus patrocinadores, pessoas que acreditaram em mim e apoiaram meu projeto. Peço aos leitores deste blog que priorizem seus negócios com estas pessoas que me apoiaram, seu Luiz da Super Econômico, Maicon e Kezia da MK, Fernando da Pedal na Trilha (www.pedalnatrilha.com), Joviano da Rei das Baterias, Fábio da Fagerflex colchões www.fagerflex.com.br,  ao Paulo do Supermercado Cesar www.supermercadocesar.com.br e o Cláudio do Feirão Frutos da Terra.








Enfim mais uma boa pedalada com amigos, sofremos mas nos divertimos muito. Cheguei em casa minha magrela estava toda suja, e eu mais ainda, quase entupi o ralo do chuveiro de tanta areia que saiu.


Mais duzentos km pro curriculu e que venham os desafios dos 300.

abraços e até a próxima aventura.







7 comentários:

  1. parabéns Jedson, muito show sua descriçáo...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, parabéns pra você também Limas. Superamos nossos limites.

      Excluir
  2. Valeu pela parceria! Agradeço pelo relato e com certeza faremos muitos pedais com este grupo que permaneceu unido do começo ao fim. Abraços

    ResponderExcluir