domingo, 19 de fevereiro de 2017

Rio Natal ao Contrário na Malandragem

Depois que comemos o galo e compramos um despertador, minha pontualidade não é mais a mesma. Longe de se assemelhar à pontualidade inglesa, ainda assim chegava na hora do pedal. Marquei com a galera no pórtico da city às 5:00 horas, meu despertador me pregou a peça e não me acordou. Na madrugada acordo e dou uma olhada só pra ver quanto tempo ainda posso dormir, e o susto despertou até a minha esposa que dormia em sono profundo.  Meio sem acreditar e ainda refazendo os cálculos de horário, percebi que faltavam 5 minutos pro horário de largada. Tentei ligar pra vários ciclistas, mas todos já estavam a caminho do pórtico com os celulares no modo avião pra usar o Strava. Consegui contato com o Seu Domingos e deixei o recado pra galera tocar o pedal e me esperar em Guaramirim no Posto Brudertal. Malandramente coloquei a bike no carro e rodei 30 km até encontrar a galera que já estava com a faca nos dentes. 







Me juntei ao grupo formando 11 ciclistas, uns já conheciam o tal de Rio Natal, outros estavam debutando na temida região montanhosa que liga Corupá a São Bento do Sul, no pelote Canela, Veldecir, Vagner, Wilson, dobradinha de Maikon, Domingos, Cassio, Luciane, Alexsandra e eu. Chegamos em Corupá e fomos pra padaria fazer um reforço no café e também comprar suprimentos pra viagem. 



Depois de abastecidos seguimos para o Rio Natal que fica próximo do centro, de lá já começariam o longo trecho de subidas, quase 25 km. O calor estava forte, mas no início da subida é feito na sombra, mas depois o bicho pegou. 








Logo na ponte do Rio Natal encontramos este simpático cachorrinho, ele nos acompanhou por mais de três quilômetros morro acima, quando chegava uma descidinha ele gania e tentava nos acompanhar, ao chegar na Lanchonete Sininho paramos pra comprar umas águas e descobrimos que o cachorrinho é dali mesmo, e que sobe e desce as morrebas da região. 












O grupo se dispersou, devido a variedade de performance, eu e o Canela subimos juntos e no alto da serra próximo a uma das várias passagens pelo trilho tem uma bica de água geladinha. paramos pra pegar água, logo chega o seu Domingos avisando que deu BO com a bike da Luciane, arrebentou a corrente e vinha empurrando. Enquanto pensávamos no que fazer e como resolver o problema nessas circunstâncias, ouvimos o som do apito da Maria Fumaça, nos fez esquecer da corrente arrebentada, esperamos o momento em que ela apareceria na curva. O Canela deu uma de índio do faroeste, colocando o ouvido no trilho pra sentir o ruído do trem. 










Depois que o trem passou lembramos da Lu, nisso vimos algo que nos fez rir de alegria, vinha a Lu o Maicon e a Alexsandra na carroceria de uma caminhonete.




Um casal que estava subindo teve a bondade de levar eles até umas casas que tem mais a frente e por coincidência o outro Maikon estava por perto com as ferramentas e um Powerlink pra consertar a corrente. Logo alcançamos eles. Enquanto esperávamos o conserto o Canela pegou uma bici da casa e falou pra Lu usar a pequena bike como reserva.



Depois do incidente e das boas risadas aproveitamos pra reforçar o lanche ali mesmo e partimos pros km's finais do Rio Natal, Logo já estávamos no outro pórtico, finalizando a estrada porém muito longe de terminar o pedal.


Já em terras de São Bento do Sul, empoeirados e suados seguimos pra mais morrebas. Acessamos a região de Rio Vermelho pra cortar caminho, só que no trajeto tinha a Serra do Gatinho, outros a chamam de Serra do Perigo, pra quem já está cansado esta serra demonstrou uma grande barreira. 









As sombras nos flertavam tentadoramente diante do forte sol, seguimos em frente e saímos no centro de Campo Alegre onde estava programado uma parada pra tomar um suco de laranja no comércio da prima do Maikon. Depois nos despedimos da cidade que amamos e enfrentamos o sobe e desce até chegar na descida da serra Dona Francisca.




Ao chegar no viaduto de Pirabeiraba o pessoal se dispersa, cada um segue o seu lado, encontramos o Rogério mais conhecido como Neguinho do Asfalto, saiu de Manaus e está percorrendo o Brasil, Passando em Santa Catarina com destino à Argentina, Chile e todos os países da América Latina, subindo depois até o Canadá, enquanto contava sua história nos relatou em fato lamentável, sofreu um assalto ao entrar em Joinville. Dois bandidos o abordaram e levaram R$ 100,00 que eram tudo que ele tinha e ainda o machucaram, juntamos uns trocados pra ajudar e demos também uns remédios pra dor pra ele. É lamentável, essa é a imagem que levará de nossa cidade.  




O Neguinho do Asfalto nasceu com um doença rara, cego e paralítico, sua mãe faleceu durante o parto, mais tarde passou por procedimento cirúrgico onde passou a enxergar e andar. Aos 14 anos fez uma promessa de rodar 30 anos de bicicleta. E já está na estrada há 25 anos. Segue um dos links do youtube que conta um pouco de sua história: https://www.youtube.com/watch?v=p2nCOVAyerM foi gratificante encontrar este ciclista no final de nosso pedal. Nos deixou com uma sensação de que te muito mais a agradecer do que a pedir. Espero que o Neguinho do Asfalto realize o seu desejo e cumpra esta promessa, com certeza lhe sobrarão experiência de vida e muitas histórias pra contar. Ainda comovido com a história do ciclista, o Wilson me ofereceu uma carona pra buscar o meu carro que estava uns 25 km dali, estava tão cansado que aceitei a carona, foi um desfio daqueles, com muita sol, morro e mais histórias pra celebrar em cia dos amigos. Agradeço ao casal que prestou a bondade e socorro com a corrente arrebentada, agradeço aos amigos que aceitaram o desafio e ao Maikon que consertou a corrente. Fica a dica, levem sempre uma chave e um Powerlink.

Abraços e até a próxima aventura.


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