terça-feira, 12 de julho de 2016

Jacu Açú, Rio Molha e Volta do Norte ao Contrário

Vencidos pela curiosidade eu e o Canela fomos conhecer um trajeto pra lá de bacana, lá pelas cercanias de Guaramirim e Massaranduba terminando em Jaraguá do Sul, depois apimentando ainda mais o pedal a volta do Norte ao Contrário, subindo a serra de Corupá, passando por São Bento do Sul, Campo Alegre e descendo a Serra Dona Francisca até Joinville. Se você já cansou só de ler o roteiro, se prepara por que vem chumbo grosso. Durante a semana pesquisei e coincidentemente ouvi as palavras Jacu Açú e Rio Molha bem mais do que estava acostumado. E durante um treino durante a semana conversei com o Ernandes que relatou o desafio que é subir o Rio Molha pelo lado de Jacu Açú, pronto o olhinho brilhou. Chamei uns amigos, porém a maioria tinha compromisso, o Canela aceitou de prontidão. Às 07:00 nos encontramos no pórtico, era pra sair mais cedo, mais antevendo que a preguiça da madrugada iria ser forte, resolvemos marcar esse horário. Passamos pela estrada Aratacas pra conferir e inaugurar a tão atrasada ponte, foi muito fácil cruzá-la.





Seguimos em direção a Guaramirim pra fazer um break pro melhor pão com bolinho. Enquanto a atendente do posto se virava em duas pra nos servir e tirar fotos dos abusados ciclistas, deixando a ruivinha ao fundo com caras de poucos amigos. 


O desafio não era só subir as morrebas que nos aguardavam, chegar no local já era desafiador, pelos relatos do ciclista Jeferson que já perambulou por aquelas bandas (atitudejoinville.blogspot.com.br ) consegui ver o mapa e correr atrás do tal Jacu. Pela Rodovia SC 108 que dá acesso à Massaranduba chegamos com facilidade ao local.





O belo local me conquistou já nas primeiras centenas de metros, sempre orientados pelo morro das Antenas ao fundo, não tem como se perder. Paramos pra perguntar sobre a passagem para o Rio Molha só pra ter certeza se o GPS estava nos orientando corretamente. 



Penamos morro acima dividindo a estrada com o movimentado tráfego de carros, ciclistas e motos que desciam o pequeno atalho que une as cidades de Jaraguá do Sul a Massaranduba e Guaramirim. Nós éramos os únicos seres que decidiram subir, não sei por que cargas d'água todos iam no sentido oposto. Quase no topo paramos pra encher a garrafinha na cachoeira ao lado, da gruta, dizem que todo ciclista que bebe destas águas não terá sede enquanto tiver água na garrafinha, e posso afirmar que funciona.
Mais umas subidinhas malandras e chegamos ao topo e logo em seguida a descida, adentrando em terras jaraguaenses por um asfalto lisinho, saindo ao lado da prefeitura.




As morrebas não atenderam nossas expectativas, um pouco decepcionados com o tal do Rio Molha, começamos uma brincadeira pra deixar o pedal um pouco mais hard, cada um torcendo pra que o outro não aceitasse o desafio proposto. Até que o Canela, num surto de ideia maluca, propôs a Volta do Norte ao Contrário, usei vários argumentos, até um golpe baixo tentei, falei que a Andreza estava nos esperando com almoço, foi em vão. O guri que nunca perde a oportunidade de filar uma boia estava decidido a encarar a Serra de Corupá. Acho que ele nem ouviu a palavra almoço. Acabei me convencendo que deveria ir. Ao ligar pra patroa pra avisar que não chegaria pro almoço, e sim pro jantar senti uma pontinha de decepção. Pensei que perderia o alvará do mês inteiro, sou obrigado a usar todo o meu charme quando chegar em casa, cogitei com meus botões.
Procuramos um local pra abastecer as panças dos intrépidos aventureiros e partimos atravessando Jaraguá do Sul em direção à Corupá, onde a serra nos esperava imponente. 




As subidas traziam às lembranças de quando fizemos esse percurso em dezembro, descendo (http://www.jedbike.com.br/2015/12/volta-do-norte.html ). Subir por este lado se mostrou bem mais desafiador, esta é a chamada Volta do Norte ao Contrário. O cenário compensa o desafio, a vista é linda e a recompensa e o mérito pela conquista é imenso.

 Morro da Igreja ao fundo.




Depois de toda a subida vem a montanha russa, isso me judiou bastante, até que uma placa me encheu de vontade de pedalar, só que não era necessário, era o começo das descidas, nem sempre proporcionais ao que subimos, mas tá valendo. Nesse sobe e desce chegamos a bela São Bento do Sul,  onde procuramos uma padoca pra tomar um café e fazer reserva de energia pro outro sobe e desce que se estende até a descida da Serra Dona Francisca depois de Campo Alegre.





O clima serrano ao final do dia, mostrou a friaca que nos esperava, rumamos pra Joinville, o problema era que não tinha levado farol, pudera, fui pra um pedal curto, e se estendeu pelo resto do dia. Logo começou a escurecer e ainda estávamos uns 60 km de casa. O Canela foi dividindo a luz do único farol, quando faltava 3 km pra Serra Dona Francisca o farol dele apagou sem aviso prévio, aí o rei da gambiarra enjambrou a iluminação com o LED do celular. Pedalamos assim até na descida da Serra, que pra nossa sorte é iluminada.



Em Pirabeiraba nos despedimos e eu segui pela BR 101 mais uma dezena de quilômetros no breu da noite, iluminado apenas pelos faróis dos carros. 


Cheguei em casa com a certeza que em grau de dificuldade este pedal se enquadra nos meus Top Five pessoal. O que era pra ser um pedal de 90 km virou um pedal louco de 202 km com uma altimetria acumulada de 4732 metros. Pergunta se a patroa estava bicuda? PS: escrevi o relato com três dias de atraso, porque só agora voltei a enxergar, hehehe . 


Sorte a minha que aquela história do charme funcionou. 
Abraços e até a próxima aventura, 

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