domingo, 14 de fevereiro de 2016

Desafio das Serras e Litoral 1º Dia

Oh abre alas que eu quero passar. Isso mesmo senhoras e senhores leitores deste modesto blog, com a folguinha da folia, resolvemos fazer o nosso próprio carnaval. Ajeitamos nosso carro alegórico com alforges made in Tabajara e vestimos nossa fantasia de ciclista e fomos pra passarela. A pomposa cicloviagem seria feita em três dias, saindo de Lauro Muller, subindo a serra do Rio do Rastro, chegando a Urubici, depois descendo a Serra Corvo Branco, passando por Grão Pará, Tubarão, e seguindo até Joinville, fechando assim 600 km pedalados nas regiões mais belas da terrinha catarinense.


O Eduardo (vulgo Canela) e eu começamos com essa louca ideia em novembro de 2015, enquanto era estudado a possibilidade de um pedal longo misturado com o melhor do cicloturismo, parecia uma eternidade até a concretização do projeto. Nos encontramos várias vezes pra ver o traçado e por umas centenas de vezes foi feitas alterações por problemas de logísticas. Um terceiro elemento deveria se juntar ao grupo, porém não foi possível, por problemas pessoais, mas ainda assim conseguiu se juntar a nós no terceiro dia de pedal. O motorista inicial seria o meu irmão, mas no ultimo dia recebeu a intimação do chefe pra trabalhar no feriadão. Então a piloto de fuga dona Andreza que além de sofrer a ausência desse marido maluco nos dias de pedal, se prontificou a nos levar até o sul. Não deve ser fácil ser esposa de ciclista.  To devendo essa pra patroa. Como ela não desgruda de suas crias, partimos sexta feira às 00:00 com as bikes bem amarradas no transbike e o carro com as crianças que insistiam em ficarem acordadas, a Gaby e o João Pedro amarrados no cadeirão, a Andreza ao lado deles, o Canela na frente e eu tentando me manter acordado na boleia. 
Chegamos em Lauro Muller arrumamos as coisas e partimos, a ansiedade estava a mil. Queria sair logo pedalando. Eu arrumei um alforge da Organizações Tabajara improvisado com uma mochila em cada lado do bagageiro da bike, amarrados com tensor de moto, deu muito certo, baixo custo e eficiência. 












Subimos o início da serra com um belo visual, apesar de umas nuvens no horizonte, tinha a esperança de que o vento as dissipasse. Paramos numa lojinha de souvenirs misturada com café, onde indigestamos um pastel de paçoca de pinhão. A curiosidade pelo estranho salgado me fez engolir em seco o tal pastel de recheio esquisito com um café com gosto de vencido. Ao sair percebemos que o vento trouxe a nuvem pra perto de nós, fechando toda a visibilidade do vale que se estende ao longe. 














A noite sem dormir deixou sérios problemas pra mim. Subi a serra sem energia, precisava muito parar pra descansar, isso de meia em meia hora. O Canela estava empolgado pra subir e eu bancando o roda presa. Na verdade a subida não é tão difícil, porém depois de uma noite viajando e sem pregar os olhos o desafio se torna infinitamente maior. Enfim quando conquistamos a quinta serra mais espetacular do mundo respiramos aliviados, chegamos no planalto, de acordo com o pessoal que encontramos dali pra frente é só retas sem subidas. SQN. Acho que o pessoal que nos informou não anda de bike.











Conseguimos chegar acima das nuvens, lá estava limpo porém o vale continuava sem contato visual. Visitamos o parque Eólico e depois seguimos para o mirante da serra. Sempre acompanhados pelo gulosos quatis que mudaram seus hábitos alimentares, adaptando seus paladares para comer os deliciosos salgadinhos pingo de ouro e batatas da onda. A mossa do quiosque nos falou que o dia ficaria assim o dia todo, para nossa tristeza. 




O Canela deu até nome ao Quati, batizando de Frederico.





Nossa expectativa era essa:

Mas nossa realidade foi assim:

O canela em um surto de memórias reviveu um momento em que esteve no local. E fez a mesma pose pra foto tirara no século passado.


Desestimulados com a informação que o tempo não limparia e esperançosos que não teríamos mais morros deixamos o local e seguimos para Urubici, até o centro de Bom Jardim da Serra, foi uma descida atrás da outra paramos numa bodega chique demais para nossos desafortunados bolsos de cicloturista, nem ao menos entramos, porém andamos ao redor pra tirar belas fotos da Cascata Barrinha que fica atras do famigerado restaurante. 












Paramos no Restaurante Califórnia, um local bem mais simples que o primeiro, porém o atendimento e a comida foi muito boa. O proprietário abriu a garagem pra que guardássemos nossas bikes. Elas ficaram lá guarnecidas pelos olhos ferozes de um cão Pinther. Enquanto nossas panças se deliciavam com as iguarias reginais, como o arroz tropeiro, conhecemos um casal de cicloturistas que visitavam a região, por um lapso de memória esquecemos de perguntar o nome e contato. Trocamos umas palavras e partimos, segundo o dono do local a rodovia seguiria sem morros até Urubici. Mais um que não anda de bike. Era uma subida atras da outra, e o tempo ia passando, e nada de Urubici. Quando chegamos na região do Cruzeiro tínhamos uma certeza, a rodovia ficaria melhor desse trecho em diante. O acostamento era mais trafegável. Porém as subidas eram desproporcionais às descidas. 






Pra ajudar um temporal se forma no horizonte e com ele um vento contra que nos fazia pedalar nas descidas. O cansaço era demais, apesar da pouca distância. Faltando uns 30 km pra Urubici numa dessas subidas fui passar pra coroinha, o câmbio não obedeceu ao comando e tentei em vão desclipar, não teve jeito comprei um terreno com uma bela vista. Fiquei desesperado ao perceber que o tombo quebrou o selim da bike, segundo o Canela minha cara parecia uma criança que perde o brinquedo. Não era pra menos, estávamos no meio do nada, sem sinal de celular, sem carro apoio, sem casa por perto, e faltando 500 km pro final da trip. 



Mas quando a dupla Gambi e Arra está por perto não existe problema que não possa ser solucionado com um simples pedaço de câmera e um lacre de plástico tipo língua de sogra. 


Com o selim devidamente arrumado de acordo com altos padrões de segurança da UCI tocamos a viagem (aliás com o selim desse jeito rodei mais 500 km, acho que vou guardar de recordação). E pra frente e mais acima a paisagem era ainda mais bonita.







Sempre acompanhados pelo muro de pedra, segundo o pessoal local, foi feito pelos tropeiros pra levar o gado do Rio Grande do Sul para São Paulo. O interessante é que faz uma bela arquitetura. Logo na frente começou o tão esperado declive,  que nos levaria a 900 m do nível do mar e nosso destino final do dia, mas antes uma paradinha no parque Cascata do Avencal.









Da rodovia até a cachoeira é quase 1,5 km mas desce muito até chegar la, depois teríamos que subir tudo de novo, porém valeu a pena. A cachoeira tem 100 metros de queda. Depois subimos pra rodovia e seguimos, sempre descendo até atingir os 900 metros, no caminho tem o mirante e as inscrições rupestres.











Do mirante é possível ver a Cascata visitada anteriormente. Descemos até a bela cidade com uma avenida principal cheia de comercio e pousadas. Dormimos na Pousada Avenida, local simples mas muito acolhedor o Seu Edson proprietário até lavou nossas roupas e secou na secadora. Devido o atraso por causa dos morros excluímos alguns roteiros em Urubici. Saímos pra jantar e tivemos que colocar casaco, estava bem frio, e o pessoal local só de bermuda e camiseta. De longe percebiam que não eramos dali. Conversamos com o pessoal do restaurante e nos falaram da impossibilidade de trafegar na Serra do Corvo Branco, o que confirmou o que o seu Edson da pousada havia falado anteriormente. Porém esse pessoal anda de carro. Era necessário encontrar um ciclista pra nos informar. 



Jantamos e voltamos o mais rápido possível pra pousada que ficava a poucos passos. Eu recebi o privilégio de dormir na cama de casal por ser o mais velho e também por ter levado o tombo na subida. O Canela ficou com a cama pequena, não quis nem verificar, mas acho que as pernas não couberam na cama. Antes das 21:00 horas já estávamos no quinto sono, um merecido descanso pra enfrentar novos desafios amanhã. Foram os 125 km mais sofridos até hoje.

7 comentários:

  1. Parabéns pela viagem. Subir Rio do Rastro é uma emoção ímpar na vida de um ciclista.

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  2. Primo show o relato. E a viagem um sonho. E parabéns mesmo pra patroa ela merece.

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    1. Kélen esse foi um sonho realizado, ainda mais com o apoio da família tudo fica melhor. Abraços

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  3. parabéns pro meu filho Eduardo (canela)e o companheiro de viagem o Jedson,pela viagem realizado..PARABÉNS pros DOIS..

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  4. Tá tudo pavimentado? Você recomenda esse trajeto para speed? Parabéns aí!

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    1. Marcos de Lauro Muller até Urubici da pra fazer de speed. Nós descemos a Serra Corvo Branco aí só com MTB.

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