sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Volta do Norte

O terror do ciclista do norte catarinense é, sem dúvida, a Volta do Norte. Um pedal desafiador, onde além da distância, tem uma elevação muito forte. A equipe Jedbike, não correu do desafio. Nos meus planejamentos de início de ano, propus pra mim mesmo essa louca viagem. Era um sonho pra realizar, um grande objetivo de pedal e tinha que ser feito com a parceria dos amigos. Juntamos dez malucos que se dispuseram a cometer tamanha insanidade e partimos ainda escuro de Joinville. Subimos a Serra Dona Francisca, passamos em Campo Alegre, Corupá, Jaraguá do Sul, Guaramirim, Schroeder e Joinville.
O sonho teve início a bem mais tempo, quando fiz este mesmo roteiro com minha família de carro. Esse é um daqueles lugares que o ciclista fala pra si mesmo: um dia volto aqui de bike. E foi exatamente o que eu fiz. Tinha o roteiro, a bike, só faltava convencer os parceiros. Não foi difícil, pois a turma do Jedbike vem enfrentando um desafio maior que o outro. Quem topou foram Cleber, Daiane, Eduardo, Fabiane, Itamar, Jedson, Maiko, Valdecir Antônio, Valdecir de Assis e Wilson, este último vindo da vizinha Jaraguá do Sul.






Chegamos no mirante da Serra, reagrupamos e pousamos pra foto com direito a merchandising da Mc Donalds, deixado irresponsavelmente por algum turista. 



O Wilson subiu pela primeira vez a serra tia Chica, então tem direito a foto erguendo a bike.


Depois do mirante subimos ainda mais um pouco e seguimos até a entrada do Rio do Julio, onde fizemos um pequeno desvio pra apreciar um dos mais belos saltos de Joinville, o Salto do Cubatão que fica do outro lado do vale. 






Nesse ponto o Maiko passou e não viu que saímos da estrada, como não via nem sinal de ciclistas a frente, baixou a cabeça e tacalepau Maiko veio, a busca se encerrou alguns km a frente já nas terras de São Bento do Sul. O ciclistas desertor enviou mensagens  no Whatsapp do grupo, ligou, fez sinal de fumaça e ninguém respondia o cara. Também estavam todos com o celular em modo avião pra garantir o registro do App Strava. Minha esposa aqui de Joinville tentava sem sucesso contatar alguém pra ajudar o desesperado ciclista. Quando chegamos na entrada de São Bento do Sul, vimos que ele não estava nos esperando, aí que fomos olhar o celular e constatamos que o menino estava quase chorando de desespero. Achando que tínhamos abandonado. Ele deu sua posição, havia passado do local em que estávamos, combinamos nos encontrar na praça em frente a igreja. Demos muita risada quando o mal entendido foi desfeito. Ainda em Campo Alegre paramos pra tirar foto de uma cobra, que segundo o Valdecir Antônio tinha 3 metros de comprimento, salvo os devidos exageros. A aspirante à super serpente, na verdade não passava de 30 cm. 














Com as temperaturas beirando os 35ºC cada sombra se mostrava uma tentadora piscadela pra parar e descansar. São Bento do Sul, é situada em morros, nos arrastávamos morro acima e logo em seguida despencada morro abaixo, nem olhava muito pra frente, baixava a cabeça porque não animava muito o que vinha pela frente. Um sobe e desce que parecia uma montanha russa. 
Depois que a trupe foi refeita paramos na praça da igreja pra descansar, tirar fotos e dar risadas do que aconteceu. Pedimos informação pra um senhor e nos indicou um restaurante, quando chegamos no refinado local, vimos que era espeto corrido. Fazer o que, nossa necessidade era carboidratos, mas no momento a fome era tão grande que ninguém se importou se a proteína da carne pesaria nas longas subidas que insistiam em ficar na nossa frente.








A bodega tinha lá sua finése, e o preço ídem, enchemos a pança das mais variadas carnes, até pesar o estômago e a consciência. Depois descansamos na sombra de um jardim, pra então sair a procura do bairro Serra Alta, local de acesso à BR 280, perguntamos a um senhor como chegar, depois perguntei se tinha outro acesso sem morros, ele disse assim: vocês estão em São Bento, aqui tudo é morro. Como o nome é bem sugestivo, subimos muito até chegar no tal bairro e logo na BR 280 que não parava de subir. Em uma longa subida sem saber o que nos aguardava, preocupados que a água estava acabando, vimos um bar fechado, procuramos os banheiros que para nossa alegria estavam abertos, nos lavamos na pia e enchemos as camaranholas, ninguém pretendia deixar o singelo lugar tão cedo. Mas o dever nos chama, então bora subir mais um pouquinho. Pra nossa surpresa logo depois da primeira curva começou a tão esperada descida. O Valdecir que acabou passando reto do bar nos esperava no início do declive em um outro bar com caldo de cana e coca cola tritando de gelada.








O Fritz dono do local nos deu a informação mais valiosa do dia, dali pra frente tinha 6 km de descida. A galera aproveitou pra injetar uma dose extra de adrenalina com a longas curvas morro a baixo. Em Jaraguá do Sul o grupelho se espalhou um pouco, então foi feita outra parada pra reagrupar. O calor estava demais. 


O Wilson ficou por aqui, já estava em casa, nós ainda tínhamos um longo caminho pela frente. O calor desgasta muito, na região de Guaramirim o tempo mudou rapidamente. Logo viria a tão esperada chuva. Porém no viaduto da BR 101 caiu o maior temporal, tivemos que nos abrigar, depois que os raios pararam tocamos na chuva mesmo. Já estávamos perto de casa, a chuva só contribuiu pro desempenho do grupo. No acesso ao bairro Anita Garibaldi o Valdecir e a Daiane se despediram, nós seguimos até o pórtico de Joinville, nosso objetivo era os 200km. Fechamos o ano com chave de ouro, agora a equipe entra em recesso. Agradeço à galera que realizou este sonho comigo. Agradeço a minha esposa Andreza que me incentivou muito na conquista deste pedal (não só neste, mas em tudo o que eu faço). Cheguei em casa cansado, acabado, mas com um senso de dever cumprido, e um orgulho imenso desta equipe que nos traz muita alegria. Parabéns a todos por esta conquista, mais um pedal longo difícil com elevação acumulada de 4050 metros, mais parceria e mais 208 km devidamente contabilizados.

Abraços e até a próxima aventura.


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