segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Rio Manso (descida)

Caros leitores deste modesto blog, permita-me criar uma regra de ouro nas nossas relações cicláveis mundo afora: "convite de pedal não se nega" isso mesmo, convite feito, convite aceito. Foi o que o Sid nos fez essa semana. Estava matutando sobre onde pedalar no fim de semana e até cogitando um desafio que o mal tempo impediu, surge o Sid convidando para ser o guia de um pedal pra lá de legal. O Rio do Manso, o Mr Canela já todo empolgado corroborou ainda mais pro aceite do convite. Como o Sid trabalha aos sábados, marcamos a empreitada para o domingo, então liberei a patroa para um pedal sabatino. A agenda de um casal ciclista é difícil de entender. Tinha ainda um outro ponto a ser analisado, o Fernando iria junto, e seu expediente de trabalho noturno só permitiria um pedal depois das 07:00 horas, melhor assim, deu pra dormir um pouco mais, aliás, eu dormi de mais. Às 07:00 horas minha esposa me acordou porque perdi a hora, o relógio não despertou, sai na corrida, mandei mensagem pro Sid e logo nos encontramos e partimos pra encontrar a galera, um no Garten, outro na Estrada da Ilha e o Canela em Pira. Formamos o quinteto Eduardo, Sid, Cristiano, Fernando e eu.


Estava frio na serra e meio desesperançosos que o frio aumentaria quando chegasse em Campo Alegre tivemos uma excelente surpresa, o tempo virou e nos presenteou com um dia perfeito, temperatura ideal pra pedalar. Um pouco antes da divisa de municípios encontrei uns atletas de Joinville treinando uma outra atividade viciante, além de ciclistas eles são corredores que irão participar de uma longa prova nos próximos dias, eram o Jean que consegui tirar uma foto com ele, o Rodrigo, o Alexandre e outros que não reconheci, porque passei por eles na descida. Desejamos boa sorte pra todos.


Fizemos um registro pra marcar a lembrança do Sid e do Cristiano, ambos debutando Campo Alegre de bike, pra minha satisfação pude presenciar o momento de alegria da dupla.



Um pouco mais a frente, seguimos a sugestão do Canela que conhece tudo por lá, pra pegarmos a antiga Estrada Imperial Dona Francisca, estrada de chão que margeia a rodovia, segundo o site: http://www.campoalegre.sc.gov.br/turismo/item/detalhe/11094 o início da construção da Estrada Dona Francisca teve em 1858 ligando Joinville ao Paraná, os construtores da estrada, felizes por atingirem o topo mais alto da serra exclamaram "Froeliches Feld" que significa Campo Alegre, uma alusão aos belos campos de araucárias, belo nome a uma das mais belas cidades do planalto catarinense. Outro dado histórico de grande relevância na economia da região, essa estrada foi a segunda estrada carroçável do Brasil, possibilitando o trânsito de carroças entre São Francisco do Sul e Tijucas do Sul, também o ciclo do Mate de Campo Alegre para o Paraná.  E não é só história que presenciamos na estrada, um desvio que vale a pena seguir. Belas paisagens, área rural, rios e lagos fazem parte do chamarís da região.










Depois do desvio voltamos para o centro da cidade onde fizemos um lanche na padoca e partimos pra mais um atrativo, sem desviar do trajeto fomos para a Cachoeira Paraíso (faz jus ao nome) que fica a 300 metros atrás da prefeitura, os colonizadores europeus "manjam dos paranauê" e  instalaram a cidade próximos à paraísos. 



Depois seguimos pela estrada ao lado da prefeitura em direção ao Manso, aqui está a pegadinha do malandro ieiê, a galera achou que iria descer, mas tem umas subidas fortes, depois uma montanha russa, dá até pra desconfiar que o Manso não desce nunca. Mas a paisagem compensa. Nessa altura da trip (e que altura) a galera já estava me xingando em pensamento (o ofício de guia também tem seus ossos). Por falar em ossos, o esqueleto estava quase soltando as juntas por causa dos buracos e pedras soltas do caminho.


Logo chegou a sonhada descida, pra azar nosso, estava com muita pedra solta, tinha que descer com cuidado, esgotando a vida útil das pastilhas do freio. Enquanto esfriava os discos paramos em uma cachoeira pra fotos.





Depois seguimos em frente, ainda tinha muito chão pela frente (claro se não tivesse chão pela frente o ciclista teria que planar) piadinha sem graça.



Descemos todo o Manso com saudades das subidas, chega a doer a mão de tanto que se freia. A concentração é total na estrada, mesmo descendo rápido da pra curtir a região. É a sesta vez que faço Rio do Manso, quatro subidas e duas descidas, ainda não sei dizer qual é  melhor, na dúvida faça os dois. Paramos rapidamente pra pegar água na bica direto da pedra. Dizem os entendidos, que o poder dessa água é duradouro, enquanto estiver água na garrafinha o indivíduo não passará sede, (outra piadinha?).
Depois de muito descer chegamos Schroeder e isto nos leva diretamente ao Posto Mime, por mais que tente alterar o roteiro a bike segue automática para este local. Nos empanturramos de cuca de banana com salgados, café e outras guloseimas, a mistureba pesou um pouco, nada ideal pra quem iria subir a ultima serrinha do dia.



Para nossa alegria e tristeza do Cristiano, seu pneu furou, digo, de sua bike, paradinha providencial pra baixar a preguiça pós comilança. 

Nós ajudando o Cris a arrumar o pneu. Não tá fácil pra ninguém.


Depois do conserto seguimos em direção a última sofrência, serrinha do Canivete, amada por uns e odiada pela grande maioria, mas muito utilizada, pois corta um bom trecho chato que é pela rodovia. Resolvemos sair da estrada de chão o mais breve possível, seguimos em direção da rodovia logo após o quadrado. Na estrada Duas Mamas presenciamos um acidente, um carro capotou e estava com as rodas pra cima (assustado esqueci de tirar uma foto), o motorista que não sofreu nenhum arranhão solicitou ajuda nossa e de mais uma meia duzia de pessoas pra virar o carro, tão solícitos que somos fomos logo desvirando a caranga, as rodas tocaram o solo juntamente com nosso sentimento de arrependimento de nossa solidariedade, o cara estava bêbado igual um gamba. Poderia ter caudado uma tragédia, talvez o pneu furado nos atrasou e impediu algo pior, ou não. Mas eu tive vontade de voltar e virar o carro novamente. Espero que o motorista tenha aprendido a lição, álcool e direção não combina. Chegamos no asfalto num belo final de tarde, os últimos raios do sol douravam as plantações de arroz, fizemos a foto de despedida no Vila Nova, certos de que o dia valeu a pena.


Depois cada um foi seguindo seu caminho, fechei com 149,3 km e nem cogitei rodar a quadra pra arredondar 150 como fazem alguns que conheço. Mais um desafio cumprido e comprido. Valeu a parceria dos amigos, obrigado Sid pelo convite, espero que tenha sido um bom guia, obrigado ao Fernando que depois da labuta ainda fez um baita pedal, ao Cristiano e ao Canela. Foi um pedal perfeito. Abraços e até a próxima aventura.


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