segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Rio do Júlio Subida e Descida

Com um olho no tempo e outro no Zap, a galera se perguntava se o pedal sabatino iria rolar, ou nós é que rolaríamos na cama. Na dúvida preparamos tudo, já acostumados a ser enganados pelos sites de previsões de tempo, nos preparamos meio desconfiados. À contra gosto, às quatro da matina vimos que a chuva insistia em cair e não tinha previsões otimistas de parar, pelo menos pensamos assim. Decidimos adiar em uma hora a saída da trip. Trip esta idealizada pelo amigo Canela, a louca ideia do cara, subir a Serrinha das Duas Mamas, subir o Rio do Julio até a rodovia e voltar pelo mesmo caminho. Surge um segundo problema, além do tempo, o dito cujo que idealizou o desafio deu pra traz. Nos deixou na maior cilada. Mas como a chuva deu uma ligeira trégua resolvemos partir para o pórtico antes que outros também desistissem. Fechamos um quarteto, eu Itamar, Valdecir e Ivonei. Às 06:30 horas partimos.


Ainda com as caras e as roupas limpas, ultima foto em boas condições higiênicas do dia. Foi só rodar uma meia dúzia de quilômetros que alcançamos a Rodovia do Arroz com seu acostamento muito sujo, emporcalhando nossa farda. Mas quem liga pra isso, o sol estava prestes a sair, ou não.



Saímos do asfalto em direção à Duas Mamas, o terreno molhado prendia o pneu, ali já percebemos que seria dureza. Dos 156 km do pedal, pelo menos, 92 seriam por este tipo de terreno. Bom pra quem desistiu e ficou na cama. O objetivo era parar o mínimo possível e somente o necessário. Fizemos paradinhas pra reagrupar no topo do serra e depois no Mime pra abastecimento e provisão de lanches para o percurso. 


Depois do café seguimos para o cerne do pedal, Rio do Júlio é tão bom que já fiz 4 vezes esse ano, como esse pedal é ida e vinda, vale por dois, então são 6 vezes. E logo já vimos os paredões que tanto nos fascinam. Só que desta vez as máquinas de fumaça estavam ligadas, belo efeito para um pano de fundo.



Começamos as subidas, num primeiro momento lembramos do Canela, que estava perdendo a diversão, enquanto era feita a subida achamos umas pegadas meio suspeitas, prova que algum animal passou por ali durante a noite, dada a quantidade de pegadas, a noitada da bicharada foi boa.




Incertos de qual animal pertencia a pegada, seguimos cogitando encontrar uma onça parda já bem alimentada repousando em uma sombra. Pra nossa sorte isso foi apenas um devaneio momentâneo, talvez por causa do ar rarefeito da serra. Abandonamos os sonhos loucos e selvagens e seguimos morro acima. 
Nesta altura do pedal as lembranças do Canela já não eram tão amistosas assim, ao Canela a cama e a nós a lama. Mal sabe ele que vamos cobrar essa, tá devendo esse pedal hein. Depois de algumas curvas, suor, lama, começamos a ouvir vozes, sinal que não éramos os únicos loucos na região, ou seriam algum tribal canibal? Curiosos, seguimos as vozes e algumas risadas entrecortadas pelo barulho do rio que despencava serra abaixo, encontramos o Jocilei de Guaratuba sua esposa Ana, o Marcelo e mais uma turma pra passar o perrengue juntos, subiram o Rio do Júlio e desceram o Rio do Manso. Após os cumprimentos e abraços sorridentes com a feliz coincidência desejamos a todos um bom pedal e seguimos.





Seguimos num misto de lama e alguns trechos a estrada estava boa, mas muito pesada. Quando Chegamos na rodovia fazia muito frio, a serração estava baixa, fizemos um lanche, e antes que o corpo esfriasse partimos para o retorno, voltar tudo o que subimos, só que este sentido não é só descida, os primeiros km's são de sobe e desce. 



Fizemos uma tocada só, logo começou a descida de quase 11 km, justo na descida, um animal preto sai correndo do mato e tenta atravessar a estrada, bate na roda da minha bike, ele meio atordoado procura se escapar e acaba esbarrando na bike do Itamar, quase caímos, sem tempo de identificar ou tirar foto o bicho se embrenhou no mato, um dizia que era um Gambá, outro que era um Texugo ou Guaxinin Preto, ficou a dúvida do animal mas a certeza de que estivemos perto de descer a serra rolando. Isso fez com que os pensamentos homicidas a respeito do nosso amigo retornassem, isso seria a abertura do Cidade Alerta e capa dos maires jornais da região. Mas seguimos em frente, trêmulos e mais ligados do que nunca. Retornamos para a cidade, e logo a civilização apaziguou os delírios primitivos com um belo asfalto, reatamos a amizade com o Canela e até esquecemos que ele nos colocou nessa enrascada. Novamente o Posto Mime, e reforçamos o lanche, e energia pra subir a última morreba do dia, a Serrinha Canivete e depois descer a Serrinha Duas Mamas. 

Essa cara de acabado, não são sardas, é sujeira mesmo.

Partimos para a ultima escalada e já era possível sentir o cheirinho do café lá de casa. Aí acaba o asfalto e começa a estradinha de chão, pré serra, sobe muito pra então começar a subida. Tivemos uma recaída geral, "aqueles pensamentos" retornaram. Subimos em modo letárgico, eu pelo menos, sem preocupação com tempo de subida, fiquei feliz por chegar lá em cima sem descer da bike. Depois vem a descida, com terreno molhado todo cuidado é pouco. Tão logo quanto possível acessamos a Rodovia do Arroz pra voltar novamente aos ares urbanos. Finalizamos o pedal no mesmo local de partida. No retorno encontramos o Cristian e o Ednei, fizemos questão de tirar fotos com os colegas de pedal. Fechei a aventura com 156,6 km e altimetria acumulada de 2463 metros. Espero retornar nesse pedal em condições melhores e com estrada seca, num futuro muito distante. A propósito, essa história de matar o Canela foi só pra zueira. Na próxima aventura ele estará conosco, se der sol.




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