quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

5 x 1 Invertido

Como rege uma não tão antiga tradição cicloturística Jedbike, o retorno pós comilança de Natal e Virada de Ano, se dá no Rio do Júlio, geralmente ao contrário, pra ter tempo de refletir nas subidas e até fazer promessa de que no ano corrente irá cuidar mais da alimentação, nessas horas pesa consciência, barriga e aquele remorso que gruda igual chiclete: não deveria ter comido a uva passas. Como houve um certo exagero da culinária natalina com ênfase da vilã uva passas, panetones, chocotones, chocolates e outras coisas deliciosas da época (chega Natal, quero quebrar as promessas feitas desde o dia 1 de janeiro), o castigo precisou se elevar de nível. Fizemos o 5 X 1 Invertido. Subidos a Serrinha Alpina, Salto II, Duas Mamas, Rio do Julio e a Serra Dona Francisca. Ufa. 



Já logo ao amanhecer o calor minou a esperança de um dia agradável na montanha, a prévia as 06:00 não aflorava muito os ânimos do grupelho formado por Fabiano, Edemir, Valdecir, Luciano, Cristian, Tati, Maiko e eu. O Fabiano, Cris e a Tati já avisaram que nos acompanhariam somente até serra Duas Mamas. Deixando sobre o quinteto restante a tarefa de fazer bonito nas morrebas da região.


Esse foi o primeiro pedal de 3 dígitos depois que me acidentei em agosto, fiquei 4 meses sem pedalar, voltei início de dezembro, fiz vários treinos, todos com quilometragem máxima de 80 km e pouquíssima elevação, percebi que a galera que não parou nesse período está muito à frente, vou ter que suar muito pra andar na roda desses carinhas, sofri mais que cachorro de bêbado, o disjuntor caiu, no mirante do Rio do Julio anunciei minha deserção, mas os amigos não deixaram, estava pronto pra fazer um Disk Esposa, na malandragem mesmo, mas fui impedido com uma frase, você não pode desistir o pedal é seu. Caraca é verdade, vou ter que enfrentar como der. Segui "devagarinho como enterro de viúva rica" (dito popular em algum lugar do Brasil). O Edemir ficou pra me acompanhar, em alguns momentos dava uma paradinha de 2 minutos só resgatar a alma que insistia em sair do corpo, logo depois retomava a luta novamente. 



O Rio do Júlio tem sempre uma surpresa, mesmo pra quem já conhece todas as curvas, tem sempre uma sensação diferente, essa vez ficou marcada pelo sofrimento e ao mesmo tempo pela alegria de retornar a ativa, aos pedais longos e a esse paraíso que já adotamos como o nosso cantinho pra arejar a mente. Tivemos o privilégio de ver as ultimas Hortências, ainda que a floração dessa safra foi tardia. Encontramos várias já secas, mas o charme da região permanece mesmo sem as lindas flores azuis. 
 



Ao chegar na rodovia fomos recebidos com um forte calor, o modo sauna foi acionado, e pra refrescar, aquele caldo de cana no Tiozinho da empada, depois é só descida e mais uns giros pra chegar em casa. Finalizei o pedal com 124 km que valeram por 300. Uma lição aprendida de que o retorno é mais difícil que o começo, espero não precisar mais parar. Agradeço aos amigos que passaram e dividiram este dia comigo. Abraços e até a próxima aventura.

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